A cidade de Minbej e localidades próximas foram palco de confrontos violentos na segunda-feira e na terça-feira, segundo o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH), levando as autoridades locais a anunciarem hoje uma suspensão do recrutamento.

Os confrontos, numa região maioritariamente árabe, mas com presença curda, ilustram os limites da administração semi-autónoma curda face ao descontentamento popular, alimentado por dificuldades económicas marcadas pela falta de combustível e de materiais de construção.

"Seis manifestantes foram mortos em 48 horas por tiros das forças de segurança (...) durante protestos organizados contra o recrutamento obrigatório", indicou o OSDH, depois de ter divulgado um primeiro balanço de quatro mortos.

O serviço militar dura cerca de um ano e visa aumentar as fileiras de uma unidade sob as ordens das Forças Democráticas Sírias (FDS), coligação militar árabe-curda, disse à agência France-Presse o diretor do observatório, Rami Abdel Rahmane.

Depois da morte de um manifestante na segunda-feira, a mobilização aumentou e os contestatários bloquearam estradas e atacaram um posto de controlo, adiantou.

Após uma reunião das forças de segurança com figuras tribais locais, foi anunciada a "suspensão" do recrutamento em Minjeb e arredores para que a questão seja novamente discutida, segundo um comunicado divulgado pelo Conselho Militar de Minbej, ligado às FDS.

O texto anuncia também a libertação de manifestantes detidos e a criação de uma comissão para investigar a violência dos dias anteriores.

Na terça-feira à noite o Conselho Militar de Minbej denunciou "ataques" contra locais das forças de segurança, apontando para atores que procuram "empurrar a região para o caos".

"Tomam como pretexto o recrutamento (...), mas este dever está em vigor há sete anos sem problemas", adiantou.

Em meados de maio, ocorreram manifestações nas regiões curdas contra o aumento do preço dos combustíveis e o OSDH deu conta de dois mortos em confrontos violentos, antes de as autoridades recuarem.

As FDS, na primeira linha da luta anti-'jihadista' apoiada pelos ocidentais, controlam atualmente um amplo território no leste e nordeste da Síria.

Desde final de 2019, soldados do regime sírio estão destacados em Minbej, no quadro de um acordo entre o poder de Bashar al-Assad e os curdos, encurralados na altura devido a uma ofensiva da vizinha Turquia.

Leia Também: Ministro alemão lamenta escolha da Síria para conselho executivo da OMS