EUA querem apoiar Honduras, Guatemala e El Salvador para travar imigração
A vice-presidente norte-americana defendeu hoje a necessidade melhorar as condições de vida dos residentes dos países do Triângulo Norte da América Central (Honduras, Guatemala e El Salvador) para travar o aumento de migração para os Estados Unidos.
© Getty Images
Mundo EUA
Este é o primeiro grande teste às habilidades diplomáticas de Kamala Harris numa viagem de três dias ao exterior, sendo que os comentários foram feitos no início da reunião bilateral com o Presidente da Guatemala, Alejandro Giammattei.
Harris planeia debater temas tão variados como a partilha de vacinas contra a covid-19 e a corrupção na região, mas, no discurso inicial, sublinhou a necessidade de os dois países melhorarem a situação dos guatemaltecos que, segundo ela, não querem deixar a terra natal, mas são forçados a fazê-lo devido às más condições de vida.
"A esperança não existe por si só, deve estar associada a relacionamentos e confiança, a resultados tangíveis em termos do que fazemos enquanto líderes para convencer as pessoas de que há uma razão para ser otimista quanto ao futuro e o futuro das crianças", afirmou.
A vice-presidente norte-americana disse que o facto de ter escolhido a Guatemala e o México para a sua primeira viagem ao estrangeiro foi um "reflexo da prioridade que o Presidente, Joe Biden, deu a esta região", acrescentando que as duas nações estão "interligadas" e são "interdependentes", pelo que é importante trabalharem em conjunto.
A reunião aconteceu numa altura em que Biden está prestes a anunciar novas medidas contra o tráfico de droga e contrabando, e prevê adotar novas medidas anticorrupção ainda hoje, segundo disse um responsável governamental à agência Associated Press.
Na visita à Guatemala e México, Harris vai tentar lidar diplomaticamente com a imigração ilegal para os EUA e tem encontro marcado com o Presidente mexicano, Andrés Manuel López Obrador, na terça-feira.
Na Guatemala, a corrupção generalizada do país deve pairar sobre as discussões, mesmo enquanto Harris procura novos acordos com Giammattei para ajudar a conter o aumento de migração.
No mês passado, dois advogados que criticaram abertamente o Presidente guatemalteco foram detidos sob o que dizem ser acusações forjadas com o objetivo de os silenciar.
A seleção de juízes para o Tribunal Constitucional da Guatemala, a instância mais alta da Justiça do país, foi alvo de acusações de tráfico de influência e corrupção quando Giammattei escolheu o seu chefe de gabinete para preencher uma das cinco vagas.
Quando a presidente do Tribunal Constitucional, Gloria Porras, uma respeitada força na luta contra a corrupção no país, foi eleita no ano passado para um segundo mandato, o congresso controlado pelo partido de Giammattei recusou-se a dar-lhe o assento.
"A corrupção esgota realmente a riqueza de qualquer país e na América Central atinge uma escala em que representa uma grande percentagem do Produto Interno Bruto (PIB) da região", afirmou Ricardo Zuñiga, enviado especial dos EUA para a região do Triângulo Norte, que se juntou a Harris na reunião com o Presidente guatemalteco.
Ao abordar as causas de raiz da migração, a vice-presidente norte-americana apresentou uma abordagem centrada na criação de melhores oportunidades e condições de vida na região através de ajuda humanitária e económica.
Harris anunciou planos de enviar 310 milhões de dólares (255 milhões de euros) para dar apoio a refugiados e lidar com a escassez de alimentos, garantindo recentemente o compromisso de várias empresas e organizações de investirem nos países do Triângulo Norte para promover oportunidades económicas e formação profissional.
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