Venezuela. Médicos pedem transparência nos dados oficiais sobre vacinação

A Federação Médica Venezuelana (FMV) pediu segunda-feira ao Governo do Presidente Nicolás Maduro "transparência" nos dados oficiais sobre a imunização local contra a covid-19.

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© FEDERICO PARRA/AFP via Getty Images

Lusa
08/06/2021 06:23 ‧ 08/06/2021 por Lusa

Mundo

Venezuela

O apelo da FMV tem lugar depois de nos últimos dias se registarem longas filas de pessoas junto dos centros de vacinação, centenas delas regressando a casa depois de frustrada a tentativa de imunização, por esgotamento das vacinas diárias disponíveis.

"É desumano ver centenas de pessoas, muitas delas da terceira idade, em longas filas esperando para ser atendidas", explica o presidente da FMV, Douglas León Natera, em um comunicado divulgado em Caracas.

Natera alertou que a exposição dos anciãos a longos períodos de espera pode causar dano nas suas condições físicas.

A FMV define a política governamental de imunização da população como "uma caixa negra manipulada desde [o palácio presidencial de] Miraflores" e acusa o regime de "aproveitar as necessidades do povo para fazer política partidária suja e má".

"Improvisação sem política de saúde e uma grande mentira é o resultado do suposto plano de vacinação anunciado pelo Governo" em finais de maio, afirma.

A FMV questiona ainda os dados oficiais sobre a população vacinada, que aponta que uns 3,3 milhões de pessoas já foram vacinadas no país e a alegada falta de informação sobre quantos cidadãos já receberam ambas doses das vacinas anti-covid-19.

A Venezuela iniciou, em 28 de maio, a "vacinação em massa" da população contra a covid-19, em 27 centros adaptados para a imunização.

Milhares de pessoas foram notificadas pelas autoridades, através de SMS, para irem aos centros de imunização, onde ficam várias horas em fila para ser atendidas e nalguns casos regressam a casa sem ser vacinados, porque esgotaram as vacinas do dia.

A imprensa local deu conta da chegada, até agora, de pelo menos três milhões de vacinas da chinesa Sinopharm e da russa Sputnik V e de acordo com a Federação Médica Venezuelana, são necessárias 40 milhões de doses de vacinas para imunizar 70% da população.

Na última sexta-feira o Governo venezuelano anunciou que tinha chegado a um acordo com a farmacêutica russa Gerofarm para a aquisição de 10 milhões de doses da vacina EpiVacCorona.

Entretanto, Caracas reclama que adquiriu, em abril, mais de 11 milhões de vacinas contra a covid-19, através do Fundo de Acesso Global para Vacinas Covid-19 (mecanismo Covax), que não chegaram ao país.

No domingo, o Presidente Nicolás Maduro denunciou, através da televisão estatal que há "uma guerra suja" contra Caracas e que "a Venezuela poderia ser o único país do mundo que é alvo de uma perseguição contra o seu direito a comprar livremente as vacinas, a qualquer empresa que fabrique vacinas contra a covid-19", frisou.

Desde março de 2020 que a Venezuela está em quarentena preventiva e atualmente tem um sistema de sete dias de flexibilização seguidos de outros sete dias de confinamento rigoroso.

O país contabilizou 2.719 mortes e 242.138 casos da doença, desde o início da pandemia, de acordo com dados oficiais.

A pandemia de covid-19 provocou, pelo menos, 3.731.297 mortos no mundo, resultantes de mais de 173,2 milhões de casos de infeção, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.

A doença é transmitida pelo novo coronavírus SARS-CoV-2, detetado no final de 2019, em Wuhan, uma cidade do centro da China.

Leia Também: Durante uma semana, cultura portuguesa é assinalada na Venezuela

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