SinoVac pede fim de ataques do Brasil para evitar atraso de consumíveis

O laboratório SinoVac pediu ao Brasil que colocasse fim aos ataques feitos por membros do Governo brasileiro à China para evitar atrasos no envio de consumíveis usados na fabrico da CoronaVac, vacina contra a Covid-19, informou hoje a imprensa.

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Lusa
09/06/2021 18:57 ‧ 09/06/2021 por Lusa

Mundo

Covid-19

O jornal brasileiro O Globo teve acesso a um documento do Ministério das Relações Exteriores do Brasil, enviado à comissão de inquérito parlamentar (CPI) da Covid-19, que investiga respostas do país à pandemia, com relatos da embaixada brasileira em Pequim sobre uma reunião ocorrida em maio.

Em 19 de maio, diplomatas e elementos de uma comitiva brasileira encontraram-se em Pequim com o presidente da SinoVac, Weidong Yan.

O executivo do laboratório chinês, segundo o relato oficial da embaixada brasileira, pediu uma mudança no posicionamento político do país para que houvesse uma relação mais fluida do Brasil com a China depois de ouvir reclamações sobre atraso no envio dos ingredientes da CoronaVac.

Segundo o jornal, o executivo da SinoVac também "fez questão de ressaltar a importância do apoio político para a realização das exportações [de consumíveis], e mesmo a possibilidade de tratamento preferencial a determinados países".

Esta reunião aconteceu duas semanas após o Presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, insinuar publicamente que tinha informações sobre uma alegada 'guerra química' e que o vírus SARS-CoV-2, que provoca a Covid-19, pode ter sido criado num laboratório chinês.

De acordo com o relato da embaixada brasileira, o presidente da SinoVac afirmou "ainda que, apesar do bom relacionamento da empresa com o Instituto Butantan e do apoio da Chancelaria à cooperação com o Brasil, poderia ser útil que o acordo entre as empresas fosse visto como uma demanda do Governo brasileiro".

A CoronaVac foi testada no Brasil numa parceira com o Instituto Butantan e é aplicada no país desde janeiro. Até abril era a vacina mais usada para imunizar a população do gigante sul-americano.

Representantes do Butantan já haviam dito publicamente que os ataques de Jair Bolsonaro e de pessoas ligadas ao seu Governo à China atrapalham a importação dos ingredientes da CoronaVac, embora o Ministério das Relações Exteriores do país tenha negado haver problemas.

O documento obtido pelo O Globo informou que em certo momento da reunião o presidente da SinoVac citou como exemplo a Indonésia e o Chile como "reflexo positivo das boas relações" com a China. Estes dois países não tem tido problemas para receber consumíveis da CoronaVac.

O Brasil é o país lusófono mais afetado pela pandemia e um dos mais atingidos no mundo ao contabilizar 476.792 vítimas mortais e mais de 17 milhões de casos confirmados de covid-19.

A pandemia de provocou, pelo menos, 3.750.028 mortos no mundo, resultantes de mais de 173,9 milhões de casos de infeção, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.

A doença é transmitida pelo novo coronavírus SARS-CoV-2, detetado no final de 2019, em Wuhan, uma cidade do centro da China.

Leia Também: Vacina aprovada na China para crianças a partir dos 3 anos, diz Sinovac

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