O congresso virtual, que começa esta sexta-feira à tarde, e termina no domingo, terá como objetivo decidir aquele que será "o programa eleitoral dos Verdes mais discutido na história do partido", revelou Michael Kellner, o administrador para os assuntos federais.
Houve, no total, 3.280 emendas ao rascunho do programa eleitoral que será apresentado. As discussões mais acesas são esperadas nas políticas climáticas e ambientais, que deverão ser votadas ao final da tarde de sexta-feira.
Os Verdes esperam recuperar o equilíbrio perdido nas últimas semanas. O partido sofreu, no fim de semana passado, uma forte derrota no estado federado da Alta Saxónia, considerado o mais pobre do país.
Além de não ter conseguido chegar aos dois dígitos, ficando-se pelos 5,9% dos votos, o partido viu o seu maior rival na corrida à chancelaria, a União Democrata Cristã (CDU), a vencer com 37,1%.
Uma "verdadeira desilusão", sustentou à agência Lusa o politólogo Volker Heins, investigador do Instituto de Estudos Culturais de Essen, já que o partido estava habituado a ganhar, e "a ganhar em grande".
Já o cientista político e investigador na Universidade Johannes Gutenberg de Mainz, Jürgen Falter, admitiu que a Alta Saxónia "não é um bom lugar para os Verdes", já que o partido tem graves dificuldades em chegar ao eleitorado da antiga Alemanha de Leste, onde as pessoas têm preocupações mais práticas.
"As pessoas estão mais preocupadas com a sua situação económica individual, em ter um carro e poder usá-lo no futuro", avançou.
Mas a perda de força que tem afetado os Verdes começou há cerca de duas semanas, quando Annalena Baerbock, não declarou parte do seu vencimento enquanto líder do partido. A candidata a chanceler apelidou o sucedido de "erro estúpido".
Já antes, no início de maio, o presidente da câmara de Tubinga, Boris Palmer, criticou nas redes sociais o antigo jogador de futebol alemão Dennis Aogo, escrevendo um comentário racista. O partido iniciou um processo para afastar o autarca.
Juntou-se uma gafe proferida pelo vice-presidente do partido durante uma viagem à Ucrânia. Robert Haber defendeu a venda de armas "de defesa" para Kiev, um posicionamento oposto à tradicional ideologia pacifista dos ambientalistas.
Na altura em que apresentou a sua candidatura à chancelaria, o partido de Annalena Baerbock reunia cerca de 28% dos votos, chegando a ultrapassar a CDU de Angela Merkel.
De acordo com a última sondagem, publicada hoje, os Verdes não vão além dos 22%, e a CDU recupera para os 28%.
As eleições que escolhem o sucessor de Angela Merkel estão marcadas para o dia 26 de setembro.
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