Sadio Camara, um dos líderes do golpe de agosto de 2020, recupera a pasta da Defesa, segundo o decreto presidencial. A sua expulsão do Governo no final de maio pelo antigo Presidente Bah Ndaw é considerada como um dos elementos que desencadeou o segundo golpe no espaço de nove meses encabeçado por Goita.
Isamel Wagué, outro líder do golpe de agosto do ano passado, mantém a sua pasta da Reconciliação Nacional, noticiou a agência France-Presse.
Já Ibrahima Ikassa Maiga, um membro proeminente do Movimento 05 de Junho (M5/RFP), um coletivo de opositores, religiosos e sociedade civil, foi nomeado para o Ministério da Refundação do Estado.
Ikassa Maiga entra neste novo Governo que é considerado pelo primeiro-ministro, Choguel Kokalla Maiga, também do M5/RFP, como "aberto" e "inclusivo".
Kokalla Maiga faz parte do comité estratégico do M5/RFP e é também membro do gabinete político do partido político do antigo principal opositor Soumaïla Cissé, que morreu em dezembro, o URD.
O ministro Abdoulaye Diop, que integrou o Governo sob o Presidente Ibrahim Boubacar Keita, derrubado em 18 de agosto de 2020 por militares, regressa ao cargo de ministro dos Negócios Estrangeiros.
O novo executivo é composto por 28 membros: 25 ministros e três vice-ministros.
O Mali, foco central do 'jihadismo' na região do Sahel, foi cenário de duas tomadas do poder em nove meses por parte de Assimi Goita e do seu grupo de coronéis.
No primeiro golpe, em 18 de agosto de 2020, os militares derrubaram o então Presidente Ibrahim Boubacar Keita, enfraquecido por meses de protestos liderados pelo M5/RFP.
Sob pressão internacional, a junta militar que assumiu na altura o poder comprometeu-se a um período de transição limitado a 18 meses e liderado por civis.
Em 24 de maio, porém, o coronel Goita, que se manteve sempre como o verdadeiro homem forte do Governo de transição, deitou por terra o anterior compromisso e mandou prender o Presidente interino e o primeiro-ministro transitório, ambos civis.
Desde então, o oficial assumiu-se como Presidente interino, uma decisão caucionada pelo Tribunal Constitucional do país, que empossou Goita na segunda-feira.
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