A presidente da Comissão Europeia e o Presidente do Conselho Europeu reuniram-se esta manhã com Boris Johnson em Carbis Bay, na Cornualha, no sudoeste de Inglaterra.
"O Acordo de Sexta-feira Santa e a paz na ilha da Irlanda são fundamentais. Negociámos um Protocolo que o preserva, assinado e ratificado pelo Reino Unido e UE. Queremos as melhores relações possíveis com o Reino Unido. Ambos os lados devem implementar o que combinamos. Há total unidade da UE nesta questão", escreveram von der Leyen e Michel na rede social Twitter de forma idêntica.
Em causa estão divergências sobre a aplicação do acordo na Irlanda do Norte, onde o Reino Unido tomou medidas unilaterais para mitigar o impacto da introdução de controlos aduaneiros na circulação de algumas mercadorias, como produtos alimentares frescos.
Ao abrigo do acordo para a saída do Reino Unido da UE, a Irlanda do Norte manteve-se na prática no mercado único, pelo que os controlos alfandegários das mercadorias da Grã-Bretanha (Inglaterra, País de Gales e Escócia) para evitar uma fronteira física com a vizinha Irlanda.
Uma fronteira aberta é uma das condições dos acordos de paz de 1998 que colocaram fim a décadas de violência sectária entre católicos, republicanos favoráveis à reunificação da ilha inteira, e protestantes, 'unionistas' que querem que o território permaneça sob a coroa britânica.
O primeiro-ministro britânico também se reuniu esta manhã com a chanceler alemã, Angela Merkel, e o presidente francês, Emmanuel Macron, que abordaram o mesmo tema.
A Ursula Von der Leyen e Charles Michel, relatou um porta-voz, Boris Johnson "deixou claro que o Reino Unido está empenhado em encontrar soluções práticas" que protejam o acordo de paz e "minimizem o impacto na vida quotidiana das pessoas na Irlanda do Norte".
Os três "concordaram com a necessidade de um envolvimento significativo contínuo para resolver os problemas pendentes", acrescentou a mesma fonte.
A Merkel, Jonhson, segundo o seu porta-voz, sublinhou "a necessidade de manter a soberania e a integridade territorial do Reino Unido" e a Macron "deixou claro o seu desejo de pragmatismo e compromisso de ambos os lados".
No decurso das conversações, o Presidente francês disse estar disposto a "reiniciar" a relação com os britânicos, disseram fontes do Eliseu.
Contudo, lembrou Johnson que este novo começo ficará dependente "do respeito dos britânicos pela palavra dada aos europeus e pelo quadro definido pelos acordos de Brexit", acrescentaram as fontes.
O jornal The Times noticiou na quinta-feira que a atual encarregada de negócios dos Estados Unidos em Londres, Yael Lempert, encontrou-se com o secretário de Estado para as Relações Europeias, David Frost, e acusou o Reino Unido de "inflamar" as tensões por causa de recusar impor os controlos aduaneiros.
A Casa Branca disse, entretanto, que a notícia estava "errada", mas não desmentiu o sucedido, que realçou o interesse especial na questão do presidente norte-americano Joe Biden, que tem ascendência irlandesa.
O prolongamento unilateral do período de carência de certos controlos alfandegários nos portos da Irlanda do Norte por seis meses, até 01 de outubro, levou a Comissão Europeia a levantar um processo de infração contra o Reino Unido em março.
Notícias de que o Governo britânico estará a considerar uma extensão do período de adaptação para carne refrigerada, que deveria terminar em 30 de junho, fez surgir na imprensa britânica a ameaça de uma "guerra de salsichas".
A cimeira do G7 decorre na Cornualha, sudoeste de Inglaterra, entre sexta-feira e domingo, juntando presencialmente pela primeira vez em dois anos dirigentes dos países do G7 (Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Itália, Japão e Reino Unido) e da União Europeia.
Sob a presidência rotativa do Reino Unido, para esta edição foram convidados o Secretário-geral da ONU, António Guterres, e os líderes da Austrália, África do Sul, Coreia do Sul e Índia, mas este último vai intervir por videoconferência.
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