O porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros iraniano, Said Jatibzadeh, disse que "esta ronda de negociações provavelmente não será a última" porque os Estados Unidos "devem tomar as suas decisões".
"O que está a acontecer em Viena não chegou a nenhum beco sem saída e não há nada impossível. Os diálogos continuam sobre algumas questões técnicas, políticas, jurídicas e executivas e há duas ou três questões-chave (a serem resolvidas)", explicou o porta-voz numa conferência de imprensa.
Jatibzadeh também destacou que "os EUA devem fornecer garantias de que as condições da Administração (do ex-Presidente do Estados Unidos, Donald) Trump, não se repetirão", referindo-se à decisão de retirar o país do acordo sobre o nuclear, em 2018, e de impor sanções ao Irão.
As negociações para o restabelecimento do chamado acordo JCPOA (sigla em inglês) foram retomadas no último sábado, em Viena, com o objetivo de encontrar um mecanismo que permita o retorno dos Estados Unidos ao pacto e o cumprimento pelo Irão das suas obrigações em relação ao acordo.
Por sua vez, o Presidente iraniano, Hassan Rohani, reiterou hoje que o Irão cumprirá as suas obrigações se os Estados Unidos e os países membros do pacto nuclear (Rússia, China, França, Reino Unido e Alemanha) fizerem o mesmo.
"A nossa energia nuclear não é para o desenvolvimento de armas nucleares. Os EUA e a Europa devem saber disso e entender que a atividade nuclear do Irão é completamente pacífica", disse ainda Rohani, segundo a página da presidência iraniana.
O Presidente dos Estados Unidos, o democrata Joe Biden, quer retornar ao JCPOA, mas primeiro exige que o Irão cumpra todas as suas obrigações sob o acordo, enquanto Teerão tem como condição o levantamento prévio das sanções contra os iranianos.
A este respeito, o principal negociador e vice-chanceler iraniano, Abas Araqchí, disse, há dois dias, que "os EUA devem dar o primeiro passo" e que o Irão verificará as medidas tomadas antes de voltar aos seus compromissos.
"O regresso dos EUA ao JCPOA tem uma série de questões técnicas, jurídicas e políticas, e a verificação das ações dos EUA é complexa. As ações que o Irão deve tomar, dado o rápido progresso científico e técnico que alcançou neste período, também têm as suas próprias complexidades", acrescentou Abas Araqchí.
Em relação a esta sexta ronda de negociações, que se esperava que fosse a última, Araqchí também se mostrou cauteloso e destacou que, na sua opinião, não foi possível chegar a um resultado nesta semana.
O JPCOA, assinado em 2015 em Viena, limitou o programa nuclear iraniano em troca do levantamento das sanções ao país, com o objetivo de impedir a República Islâmica de adquirir armas nucleares.
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