Arlene Foster demite-se formalmente do governo da Irlanda do Norte 

Arlene Foster apresentou hoje a demissão formal de primeira-ministra da Irlanda do Norte à Assembleia Autónoma, onde garantiu que continuará a trabalhar pelos direitos das mulheres e menores, com atenção especial ao assédio que sofrem nas redes sociais.

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Lusa
14/06/2021 15:50 ‧ 14/06/2021 por Lusa

Mundo

Irlanda do Norte 

 

No discurso de despedida, Foster evocou alguns episódios pessoais em que foi "falsamente" acusada de corrupção e pelos quais teve de se "defender vigorosamente para limpar" o nome, sublinhou a ex-líder do Partido Democrata Unionista (DUP).

O novo líder da formação, Edwin Poots, nomeou o deputado regional Paul Givan para liderar o Executivo de Belfast, no qual o principal parceiro é o republicano Sinn Féin, ex-braço político do já inativo Exército Republicano Irlandês (IRA).

De acordo com as regras do Governo de poder partilhado, a saída da chefe do executivo também deixa vago o cargo de "número dois", que até agora era ocupado pela dirigente do Sinn Féin Michelle O'Neill.

Os republicanos, que defendem a unificação com a República da Irlanda, têm sete dias para apresentar o candidato ao cargo, mas se não houver acordo o Governo britânico será obrigado a convocar eleições regionais antecipadas.

Foster foi forçada a demitir-se em abril passado na sequência da contestação interna no DUP à sua gestão do 'Brexit', em particular a fação mais ultraconservadora e religiosa - na qual o próprio Poots se encontra - por fazer concessões durante a legislatura em relação à lei do aborto ou em matéria de direitos da comunidade LGTB.

Poots também resiste à introdução da língua gaélica no currículo escolar, 

A saída de Foster, que para alguns correligionários foi vítima de perseguições, e o conservadorismo até agora demonstrado por Poots levaram à demissão de vários vereadores e dirigentes locais do partido fundado pelo histórico reverendo Ian Paisley (1926-2014).

Neste contexto, alguns observadores admitem que o Sinn Féin consiga ganhar a maioria dos votos nas eleições regionais, após a maioria do seu eleitorado ter rejeitado o 'Brexit' no referendo de 2016.

A saída do Reino Unido da União Europeia (UE) também afetou o DUP, que apoiou o 'Brexit', uma vez que foi na sequência do processo que foram impostos novos controlos aduaneiros a mercadorias que chegam da Grã-Bretanha (ilha formada por Inglaterra, Escócia e País de Gales) 

Os 'unionistas', que querem manter-se sob a coroa britânica, receiam que a "fronteira no Mar da Irlanda" isole a província do resto do Reino Unido, favorecendo o objetivo histórico da reunificação da Irlanda defendido pelo Sinn Féin.

Londres e Bruxelas estão em conflito sobre a aplicação do Protocolo da Irlanda do Norte, resultado do acordo de saída do Reino Unido da UE, embora concordem que é importante proteger o processo de paz da região que acabou com a violência sectária entre católicos e protestantes. 

"Se Bruxelas continua a pensar que o protocolo é suficiente, eles estão enganados. O desequilíbrio e a instabilidade no contexto da Irlanda do Norte são um 'cocktail' realmente perigoso, a Irlanda do Norte faz parte do Reino Unido e deve ser tratada como tal", alertou Foster, a propósito dos protestos recentes na região. 

Leia Também: Johnson "não hesitará" em suspender acordo por causa da Irlanda do Norte

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