"Estou preparado para me sentar com o Presidente Trump no momento oportuno", garantiu o político, acrescentando que terá de haver "respeito pela soberania canadiana" e no âmbito de "uma abordagem comum e muito mais abrangente do comércio".
"Todos estaremos melhor quando a maior parceria económica e de segurança do mundo for renovada e relançada", sublinhou ainda o líder eleito do Partido Liberal em substituição de Justin Trudeau.
Pelo lado de Washington, o secretário do Comércio, Howard Lutnick, anunciou que só haverá negociações depois de Mark Carney se tornar oficialmente primeiro-ministro do país vizinho, o que deve ocorrer nos próximos dias.
As declarações surgem na véspera de o líder da província canadiana de Ontário, Doug Ford, visitar Washington para se reunir com o secretário do Comércio dos EUA com vista a abrandar a crescente tensão entre os dois países sobre os direitos aduaneiros da administração Trump.
Em entrevista à Fox Business, Lutnick fez questão de reduzir as expectativas do encontro com Ford, antecipando que se irá "construir um entendimento" e depois "negociar" com o Canadá, pelo que "obviamente" vai "esperar pelo novo primeiro-ministro". "E depois vamos falar", informou.
Lutnick aludiu ainda à fragilidade parlamentar do executivo canadiano, referindo que "provavelmente vão convocar eleições [antecipadas] dentro de três semanas".
O encontro com Ford ocorrerá depois de Trump ter ameaçado, na terça-feira, duplicar as tarifas sobre o aço e o alumínio canadianos de 25% para 50%, em resposta à decisão de Ontário de aumentar em 25% o preço da eletricidade que fornece aos Estados Unidos.
A decisão do Ontário foi, por sua vez, uma resposta ao tom particularmente hostil que o Presidente norte-americano tem mantido contra o país vizinho, tanto em termos comerciais como de soberania.
Ford acabou por anunciar a suspensão temporária do aumento das tarifas de eletricidade e a reunião com Lutnick, pelo que a administração dos EUA recuou, afirmando que a tarifa de 25% seria aplicada ao aço e ao alumínio canadianos a partir de hoje, tal como aos restantes países.
Desde o seu regresso à Casa Branca, a 20 de janeiro, Trump optou por ativar as tarifas para corrigir o que considera défices comerciais injustos para Washington e, sobretudo, como medida de pressão contra o México, o Canadá e a China para reduzir o fluxo de fentanil que entra nas fronteiras dos EUA.
O Canadá é o principal fornecedor de aço e alumínio dos Estados Unidos e, a partir de quinta-feira, vai impor direitos aduaneiros de 25% sobre 29,8 mil milhões de dólares canadianos (18 mil milhões de euros) de importações dos EUA como retaliação.
As novas medidas canadianas vêm juntar-se às tarifas de 25% impostas a 30 mil milhões de dólares de produtos americanos desde o início do mês, em resposta à primeira onda de impostos comerciais de Trump sobre os produtos canadianos.
A insistência na "soberania canadiana" surge numa altura em que Donald Trump tem repetido o seu desejo de fazer do seu vizinho o 51.º estado norte-americano.
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