O ditador da Coreia do Norte enviou a mensagem sobre os Estados Unidos durante o terceiro dia da sessão plenária do partido único norte-coreano, que esteve centrada na definição da política exterior do regime e na abordagem dos assuntos de máxima urgência como a escassez de alimentos.
Kim Jong-un destacou a "necessidade da preparação, tanto para o diálogo como para o confronto", e pediu "pleno empenhamento" para a segunda opção com vista "à proteção da dignidade e interesses" do país e para que seja "garantido um ambiente pacífico e seguro" para o Estado.
A intervenção de Kim Jong-un decorreu na quinta-feira e foi divulgada hoje pela agência de notícias estatal KCNA.
O líder supremo da Coreia do Norte recorre a este discurso em resposta "às novas tendências políticas" da Administração dos Estados Unidos e depois de o presidente norte-americano ter apresentado a estratégia de Washington em relação a Pyongyang.
Trata-se da primeira vez que Kim Jong-un menciona possíveis conversações com Washington desde a chegada ao poder de Joe Biden, cuja Administração aposta por uma via intermédia à que foi adotada pela Administração anterior dos Estados Unidos, defendendo um diálogo "por fases" no sentido de recuperar os contactos interrompidos desde 2019.
No final do mês de maio, Biden anunciou que vai optar pelo "envolvimento diplomático" com Seul no sentido de fazer com que Pyongyang tome "medidas pragmáticas que reduzam as tensões", tendo como objetivo final a desnuclearização da Península da Coreia.
Joe Biden reuniu-se em maio com o chefe de Estado sul coreano, Moon Jae-in.
O regime da Coreia do Norte mais isolado do que é habitual devido às medidas adotadas para estancar a propagação da pandemia de covid-19 não tinham ainda feito referência, publicamente, aos pedidos de Washington que desde fevereiro pretende retomar as negociações sobre a desnuclearização.
Os especialistas consideram que as palavras de Kim Jong-un mantêm a habitual retórica belicista do regime combinada com a disposição para a reabertura da via diplomática, uma atitude que ainda não tinha sido demonstrada desde a tomada de posse de Joe Biden como presidente dos Estados Unidos.
Através de mensagens de outros altos cargos e difundidas pelos meios de propaganda estatal, Pyongyang agravou o tom contra Washington e lançou mesmo advertência diretas contra Joe Biden além de ter realizado um ensaio com mísseis no final do passado mês de março.
Além da política externa, a sessão plenária do partido referiu-se à escassez de produtos básicos como alimentos ou medicamentos que atinge o país devido às sanções ???internacionais, ao mau ano agrícola e ao isolamento provocado pela crise sanitária.
Kim Jong-un admitiu, na declaração do dia anterior, a gravidade relacionada com a falta de alimentos ao assinalar que a situação está a "tornar-se tensa".
De acordo com a agência de notícias do Estado, na sessão de quarta-feira, o líder norte-coreano assinou uma "ordem especial" no sentido de melhorar as condições de vida no país, facto que constitui "o ponto principal" da reunião do partido.
A KCNA mencionou também a resolução para se "alcançar de forma incondicional os objetivos do plano para a produção de cereais concentrando todos os esforços do partido, do Exército e de todo o povo no setor agrícola" durante 2021.
A agência de notícias do Estado disse ainda que Pyongyang "vai dar a todas as crianças do país, produtos nutritivos como os lácteos custeados pelo Estado".
A sessão plenária do partido único, uma das raras ocasiões em que o regime aborda as prioridades políticas, começou na terça-feira e não tem data marcada para o encerramento.
Os meios de comunicação não referem se o líder supremo vai pronunciar-se no final.
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