A agenda desta cimeira de chefes de Estado e de Governo, que decorre entre quinta e sexta-feira em Bruxelas, é particularmente preenchida, com os líderes a abordarem, entre outras, questões de política externa -- designadamente as relações com Turquia e Rússia, já discutidas em anteriores cimeiras neste semestre -, migrações, recuperação económica e, como vem acontecendo há mais de um ano, a pandemia de covid-19.
Neste último ponto, os líderes deverão concentrar-se na situação epidemiológica atual na Europa e, em concreto, abordar a ameaça que representam as novas variantes, indicaram fontes europeias, que admitem também uma discussão sobre a necessidade de uma maior coordenação entre os Estados-membros, depois de, na quarta-feira, a chanceler alemã, Angela Merkel, ter criticado a falta de regras comuns relativamente às viagens, dando como exemplo a situação de aumento dos contágios em Portugal, que a seu ver "poderia ter sido evitada".
Além de apresentar aos restantes líderes um relatório de balanço da presidência portuguesa -- que termina na próxima semana, em 30 de junho -, e de, eventualmente, ser confrontado com o aumento de casos de covid-19 em Portugal, António Costa participará na sexta-feira, no final dos trabalhos, na conferência de imprensa formal, juntamente com os presidentes do Conselho Europeu, Charles Michel, e da Comissão, Ursula von der Leyen, como habitualmente sucede na última cimeira de líderes de cada presidência.
Ainda antes do início formal dos trabalhos do Conselho Europeu, os chefes de Estado e de Governo dos 27 têm um almoço de trabalho com o secretário-geral das Nações Unidas, reconduzido na semana passada para um segundo mandato à frente da organização, estando prevista uma discussão de cerca de duas horas sobre o reforço da cooperação entre UE e ONU para enfrentar os desafios globais atuais, segundo fontes europeias.
Depois do balanço da presidência portuguesa, os líderes dos 27 discutirão a pandemia e o dossiê das migrações, neste caso sem que tivesse havido avanços significativos em torno da proposta de um novo pacto migratório.
O jantar de trabalho será consagrado à política externa, com o Conselho Europeu a adotar conclusões sobre as relações com a Turquia e com a Rússia, já abordadas nas cimeiras de março e maio, respetivamente, assim como sobre a Bielorrússia, dias depois da adoção de um quarto pacote de sanções ao regime de Alexander Lukashenko.
Fontes diplomáticas consideraram "mais do que provável" que seja suscitada por algumas delegações a questão dos direitos LGBTQI na Hungria, uma matéria que será abordada informalmente dado não constar da agenda oficial.
O Conselho Europeu prosseguirá na sexta-feira de manhã com uma componente mais económica, devendo os líderes fazer um ponto da situação da implementação do pacote de recuperação, agora que a Comissão começou finalmente a aprovar os Planos de Recuperação e Resiliência (PRR) dos Estados-membros (tendo o português sido o primeiro), seguindo-se uma Cimeira do Euro no encerramento dos trabalhos.
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