As organizações tomaram a iniciativa porque, 18 anos após o fim da guerra civil, o debate sobre a criação desse tribunal decorre na praça pública e a Libéria, sob a presidência de Ellen Johnson Sirleaf e, desde 2018, de George Weah, ainda não seguiu as recomendações feitas em 2009 por uma comissão especial.
Esta comissão recomendou, entre outras sugestões, o julgamento de uma série de senhores de guerra e de alegados criminosos.
"Redigimos esta lei para a criação de um tribunal de crimes de guerra. Não só a redigimos, como fizemos 176 cópias para que cada membro do parlamento tenha a sua", afirmou o presidente da Ordem dos Advogados da Libéria, Tiawon Gongloe, citado pela agência France-Presse (AFP).
Gongloe encontra-se entre os representantes de cerca de uma quinzena de organizações -- incluindo organizações cristãs e muçulmanas e sindicatos de estudantes -- que exigiram justiça pelos crimes cometidos desde 1979 e, em particular, durante as guerras civis entre 1989 e 2003.
As organizações assinalaram o recente ressurgimento do interesse por este assunto sensível.
Um tribunal suíço condenou, na semana passada, a 20 anos de prisão um antigo comandante rebelde acusado de múltiplas atrocidades durante as guerras civis da Libéria.
Apesar da pressão da sociedade civil, a Libéria ainda não realizou qualquer julgamento sobre um período que ficou marcado por uma série de massacres de civis, violações, tortura e recrutamento de crianças-soldado.
As guerras civis prejudicaram um dos países mais pobres do mundo e que, uma década mais tarde, foi assolado pela pior epidemia de Ébola registada no mundo.
Várias personalidades diretamente implicadas nestes conflitos ocupam, ainda hoje, posições de destaque na política e na economia liberianas.
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