Michel falou numa conferência de imprensa, no final do Conselho Europeu, em que países como a Alemanha e a França tentaram, sem sucesso, um acordo para retomar os contactos ao mais alto nível com Moscovo.
Durante a reunião, vários líderes europeus "condenaram firmemente as atividades perturbadoras e ilegais da Rússia" e reafirmaram o seu apoio à "bússola" dos cinco princípios, que têm regido as suas relações desde que Moscovo anexou a península da Crimeia, em 2014.
O primeiro destes compromissos, recordou Michel, é da implementação dos acordos de Minsk.
Um outro compromisso é que a UE deve ser envolvida "não só com palavras ou declarações, mas com ações, para apoiar instituições sólidas nos países da Parceria Oriental", de forma a reforçar a capacidade de cooperação entre a UE e os países da Europa de Leste (Ucrânia, Bielorrússia, Azerbaijão, Arménia, Geórgia e Moldávia).
Michel mencionou também o "reforço da capacidade de resistência da UE em setores-chave", especialmente face a ameaças híbridas ou ciberataques e, finalmente, à "possibilidade, quando existem questões de interesse mútuo, de contemplar a cooperação com a Rússia".
Entre estes, os líderes europeus destacaram o clima, o ambiente, a saúde e certas questões de segurança, "em que devemos ser capazes de contemplar um diálogo" com a Rússia.
"Não podemos simplesmente reagir apenas quando somos provocados ou atacados, devemos ter a ambição de agir mais proativamente, de promover os nossos valores, de defender os nossos interesses e de dar conteúdo operacional a estes cinco princípios. E é isso que tem sido feito", salientou o Presidente do Conselho Europeu.
Questionado sobre a possibilidade de retomar as cimeiras com a Rússia, Michel disse que "ninguém pediu uma reunião amanhã entre a UE e [o Presidente russo] Vladimir Putin, não é isso".
"Estava sobre a mesa, a certa altura, de uma forma extremamente equilibrada, que deveria haver firmeza sobre certos princípios mas também a capacidade, sob certas condições, de dialogar e de refletir em conjunto no Conselho Europeu sobre o diálogo que pode ser realizado para defender os nossos valores, os nossos interesses", explicou.
Michel assegurou que, nas conversações dos líderes europeus, não excluiu a hipótese de alargar as sanções económicas a Moscovo pelo seu comportamento desafiador.
De qualquer das formas, Michel recordou que, como Presidente do Conselho Europeu, teve a oportunidade de se encontrar diretamente com Putin várias vezes para expressar a posição da UE, defender os interesses dos 27 e informar os membros do Conselho Europeu.
Além disso, aludiu ao facto de, apenas há poucos dias, ter havido um encontro em Genebra entre o Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, e Putin, que "não foi interpretado como um sinal de fraqueza".
Na mesma conferência final dos trabalhos do Conselho Europeu, a Presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, salientou que os 27 partem de uma posição de "força" se se tiver em conta que a Rússia representa menos de 5% dos bens que a UE importa, enquanto Bruxelas é o maior parceiro comercial de Moscovo e representa mais de 37% das suas importações.
Este desequilíbrio, acrescentou, "é provável que aumente" já que a economia da Rússia depende do petróleo e do gás natural, que representam 25% do seu PIB, o que vai obrigar Moscovo a "adaptar a sua economia".
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