Cimeira com Índia serviu para alertar UE para o Indo-Pacífico

O ministro dos Negócios Estrangeiros considerou hoje que a reunião de líderes UE-Índia, organizada pela presidência portuguesa em maio, serviu para alertar a União Europeia de que deve "prestar mais atenção" à região do Indo-Pacífico.

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Lusa
30/06/2021 19:44 ‧ 30/06/2021 por Lusa

Mundo

Augusto Santos Silva

 

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"A ideia foi convencer a Europa de que temos de prestar mais atenção à região da Ásia-Pacífico e temos de prestar mais atenção ao redefini-la enquanto a região do Indo-Pacífico, sublinhando o papel fundamental que a Índia tem a desempenhar nessa região", apontou Augusto Santos Silva.

O ministro dos Negócios Estrangeiros falava num 'webinar' organizado pelo European Policy Centre (EPC), intitulado "Fazer o balanço da presidência portuguesa do Conselho da UE" e que se focou especificamente nos avanços feitos pela União Europeia em termos de relações internacionais durante a presidência portuguesa, que termina hoje.

Salientando que, se tivesse que escolher "uma única conquista" em termos de relações externas durante o semestre português, seria a cimeira com a Índia, Augusto Santos Silva referiu que a reunião entre os 27 líderes da União Europeia e o primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, tem um "valor triplo".

Além de ter iniciado um "diálogo político de alto nível entre as duas maiores democracias no mundo", a cimeira em questão também permitiu relançar as negociações sobre um acordo comercial que se encontravam bloqueadas desde 2013.

Nesse sentido, Augusto Santos Silva relembrou que, em novembro de 2020, treze países da Ásia e da Oceânia celebraram um acordo comercial intitulado Parceria Económica Regional Abrangente (RCEP, na sigla em inglês).

"O RCEP foi lançado com a China, o Japão, a Coreia, uma série de países asiáticos, e com a Austrália e a Nova Zelândia. Quem é que ficou ausente deste tipo de acordo? Os Estados Unidos, a União Europeia e a Índia. Portanto, precisamos de reequilibrar", frisou Augusto Santos Silva.

O chefe da diplomacia portuguesa recordou ainda que, durante a presidência alemã do Conselho da UE, se chegou a um acordo de princípio sobre investimentos com a China, e, em novembro de 2020, a UE "decidiu elevar a parceria com os países asiáticos ao nível de uma parceria estratégica".

"Por isso, o elemento que faltava era a Índia, e o nosso propósito ao organizarmos a cimeira no Porto foi recuperar este elemento", indicou.

Sublinhando assim que o objetivo da cimeira não foi o de "substituir a China pela Índia", mas antes o de "multiplicar os parceiros que a União Europeia" tem no Indo-Pacífico, Augusto Santos Silva reiterou que não se pode "diminuir a importância" do RCEP e os "desafios" que o acordo em questão coloca ao bloco.

"Foi, de certa maneira, uma mudança nas regras do jogo. Por isso, temos de perceber que, se quisermos participar no jogo, temos de ir para à arena e jogar. Não só proclamar valores ou utilizar frases grandiosas", afirmou Santos Silva.

Em 08 de maio, decorreu, no Porto, uma reunião de líderes UE-Índia, organizada pela presidência portuguesa do Conselho da UE, e que juntou os chefes de Estado e de Governo da União Europeia com Narendra Modi, que participou virtualmente devido à situação pandémica no seu país.

Durante a reunião em questão, os dois blocos comprometeram-se a retomar as negociações sobre um acordo comercial, que se encontravam bloqueadas desde 2013.

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