Da paralisação à 'bolha' segura. Como os cruzeiros se estão a reinventar
A indústria dos cruzeiros foi das mais castigadas pelas medidas para conter a Covid-19. Agora, prometem ser a forma mais segura de fazer férias. Saiba o que mudou e como estão as companhias a preparar o regresso.
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Mundo Pandemia
Foi há quase um ano e meio que o cruzeiro Diamond Princess encheu as páginas dos jornais durante longas semanas. Em fevereiro do ano passado, o navio registava mais de metade dos casos de Covid-19 fora da China.
O navio ficou em quarentena por duas semanas em Yokohama, no Japão, e cerca de 700 das 3.700 pessoas a bordo foram infetadas, no que especialistas consideraram ter sido uma falha nos protocolos de saúde pública.
Devido à repercussão deste caso - mas também à própria natureza deste tipo de viagem - a indústria dos cruzeiros foi das mais afetadas no setor do turismo, todo ele castigado neste ano e meio de pandemia. No verão passado, praticamente toda a frota mundial de navios de cruzeiro estava parada.
Por cá, recorde-se, mesmo quando as viagens aéreas foram retomadas para os destinos onde era possível, o Governo foi prorrogando, de despacho em despacho, a interdição do desembarque e licenças para terra de passageiros e tripulações de cruzeiros nos portos nacionais.
Agora, depois de muitos meses de pausa, quase todas as empresas de cruzeiros já têm um plano de relançamento de navios em fases para este verão. Como explica Eduardo Cabrita, diretor geral da MSC Cruzeiros Portugal e também presidente da Cruise Lines International Association (CLIA) em Portugal, o plano de retoma passa por um "processo faseado, navio a navio".
E é isso que tem acontecido. Depois de ter anunciado circuitos a partir do Reino Unido, Alemanha, França e Báltico, a companhia retomou recentemente as operações a partir do porto de Barcelona, em Espanha.
Também na Norwegian Cruise Line, a retoma faz-se a pouco e pouco. A companhia volta a navegar em águas europeias já a partir de 25 de julho, com três navios a operar no Mediterrâneo e ilhas gregas, a partir dos portos de Barcelona, Atenas e Civitavecchia. Nos Estados Unidos, há cruzeiros previstos a partir de agosto, com partidas de Seattle e de Miami.
Estamos felizes por finalmente ver a luz ao fundo do túnel e podermos voltar ao nosso local favorito, o oceano, brevemente", confessa ao Notícias ao Minuto o diretor da Norwegian Cruise Line para a Europa, Kevin Bubolz
Na verdade, mais do que lutar contra a reputação que ganharam no início da pandemia, de serem autênticos epicentros do vírus, a indústria dos cruzeiros está agora a usar esse conceito de "bolha" a seu favor, implementando apertados protocolos de segurança e higiene.
O nosso protocolo de Saúde e Segurança líder na indústria veio demonstrar que os cruzeiros são uma das opções de férias mais seguras na situação atual, graças à nossa capacidade de testagem que torna os nossos cruzeiros em verdadeiras bolhas seguras, impossíveis de criar em qualquer outro lugar", explica Eduardo Cabrita, da MSC Cruzeiros
Os testes à Covid-19 antes do embarque são prática comum nas várias companhias, mas enquanto algumas optam por vacinar toda a tripulação e exigir o mesmo aos passageiros, outras apenas reforçam a testagem a bordo.
Na Norwegian, pelo menos até 31 de outubro deste ano, além do teste, todos os passageiros têm de ter o esquema vacinal completo para poder embarcar. Em contrapartida, o uso de máscara a bordo não é obrigatório (apenas recomendado nas áreas em que o distanciamento não seja possível).
Como explica Kevin Bubolz, o objetivo "é proporcionar uma experiência de cruzeiro o mais normal possível" e, para isso, a "disponibilidade cada vez maior de vacinas tem sido o ponto de viragem".
De qualquer forma, de acordo com o responsável, "a maior parte das medidas não são visíveis para os passageiros", dando o exemplo da instalação de sistemas de purificação do ar e do reforço da limpeza dos espaços.
No caso da MSC, a vacinação não é condição para viajar, mas todos os passageiros voltam a ser testados pelo menos duas vezes durante o cruzeiro e a tripulação, além de fazer três testes antes do embarque, é testada semanalmente a bordo.
O desembarque nos portos de passagem é apenas permitido em excursões organizadas pela companhia: algo que o diretor da companhia no país caracteriza como "bolhas sociais" protegidas.
De um modo geral, é este grau de exigência e segurança - mas também a flexibilidade nas reservas - que tem atraído os viajantes. E, apesar de a indústria estar muito longe de reabrir totalmente, os operadores estão confiantes.
"Neste momento, o número de reservas que já temos para 2022 e 2023 é o melhor que já tivemos, para anos futuros, nesta época do ano", aponta Kevin Bubolz, o diretor da Norwegian Cruise Line para a Europa. "Para 2021, temos assistido a um crescimento das reservas há algumas semanas e estamos otimistas para o final deste ano."
Na MSC Cruzeiros, o cenário é idêntico: "À medida que foram surgindo notícias positivas sobre a evolução das vacinas notámos sempre uma maior remarcação de férias e aliado às boas noticias, conseguimos provar que o setor dos cruzeiros é dos mais seguros", sublinha o representante da companhia em Portugal.
Eduardo Cabrita adianta que muitos portugueses têm dado preferência aos cruzeiros no Mediterrâneo e no Norte da Europa, "embora naturalmente os cruzeiros portugueses, com saída e chegada a Lisboa e ao Funchal em setembro, outubro e novembro, tenham uma procura muito elevada devido à possibilidade de embarcar à porta de casa".
De facto, desde 17 de maio que as fronteiras marítimas portuguesas foram reabertas a embarques, desembarques e trânsitos, mas ainda há algumas restrições.
Enquanto representante da CLIA Portugal, Eduardo Cabrita garante que continua a "trabalhar com o Governo para que os cruzeiros internacionais sejam muito rapidamente uma realidade".
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