Na cidade de Kerbala, onde ocorreu o maior protesto, centenas de pessoas cujos bairros estão privados de eletricidade expressaram o seu descontentamento diante da central elétrica de Al-Khairat.
"Exigimos que a eletricidade volte e não vamos sair daqui até que isso aconteça", disse à AFP Dia Wadi, um dos manifestantes, na sua maioria homens, que cantavam e dançavam defronte dos portões da central de energia.
O vidro traseiro do carro de um funcionário da central foi partido pelos manifestantes e as forças de segurança foram posicionadas, mas não se registaram mais incidentes.
"Somos manifestantes pacíficos, reivindicamos o nosso direito de ter eletricidade", disse outro homem, Sajjad al-Ghreti.
Embora acostumados ao calor extremo, os iraquianos estão a suportar temperaturas às vezes superiores a 50 graus há dez dias, juntamente com a falta de eletricidade, que os privaram de ar condicionado, ventiladores e frigoríficos.
No início de julho, o país, o segundo maior produtor de petróleo da OPEP, experimentou um apagão total por um dia.
Dezenas de pessoas também protestaram em três cidades na província de Missane, no sul do país, para exigir o regresso do abastecimento de eletricidade. O governador da província, Mohamed al-Mayahi, acusou os manifestantes de serem "manipulados politicamente".
Outra manifestação também ocorreu em Kut, na província de Wassit, ao sul de Bagdade, onde os moradores não têm mais do que seis horas de eletricidade por dia, disseram testemunhas.
Os protestos já haviam ocorrido nessas províncias no início de julho e os confrontos defronte da central elétrica provincial de Wassit provocaram uma dúzia de feridos.
Os cortes de energia ocorrem devido a instalações envelhecidas, corrupção e vários ataques não resolvidos em linhas de alta tensão.
Além disso, o Irão, ao qual o Iraque deve 6 mil milhões de dólares (cerca de 5 mil milhões de euros) em contas não pagas de gás e eletricidade, suspendeu as suas entregas no final de junho.
Por sua vez, o Governo iraquiano enfatizou que muito poucas famílias pagam as suas contas, enquanto as ligações ilegais estão a aumentar no país.
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