As autoridades impediram a realização de uma concentração convocada pela Comissão Mexicana dos Direitos Humanos (CMDH), a Juventude da Organização Democrática Cristã da América (JODCA) e militantes do Partido de Ação Nacional (PAN).
"Estão a sair [da Embaixada] para nos atacar e agredir. O segurança que lá estava empurrou-me para território mexicano. [...] Temos um problema, porque pensam que estamos em Cuba e que podem vir aqui reprimir os cidadãos", disse o presidente do CMDH, René Bolio.
A representação política de Havana no México tem sido palco de protestos desde domingo, quando milhares de cubanos se manifestaram na ilha das Caraíbas contra o governo de Díaz-Canel, terminado com centenas de detenções.
"Quero vê-los a irem a Cuba e defender o regime, com as pessoas -- como elas -- a morrer de fome. Os dias da ditadura de [Fidel] Castro acabaram", afirmou o presidente da JODCA, Alan Ávila, junto à Embaixada.
Os ativistas do CMDH entraram em confronto com os elementos de segurança da Embaixada de Cuba no México.
Além disso, a sede diplomática colocou música alta para evitar que os manifestantes falassem com a comunicação social e os funcionários saíram para cantar e exaltar Fidel Castro.
Apesar dos impedimentos, os manifestantes pintaram em frente à Embaixada slogans como "Cuba Livre", "Abaixo o regime" e "#SOSCuba".
Hoje, também a Embaixada de Cuba no Peru denunciou um ato vandalismo contra a sua sede, localizada em Lima, após ter acordado com grafite vermelho na sua fachada.
"Assim deixaram a sede da Embaixada os apoiados pelo governo dos Estados Unidos e seus lacaios. Denunciamos este vandalismo que retrata os criminosos como são", escreveu a missão diplomática cubana no Peru, na sua página oficial do Twitter.
Na publicação, acompanhada da 'hashtag' #CubaNoEstáSola, há uma fotografia da fachada branca da sede diplomática com manchas de tinta vermelha.
"Estão à procura de um banho de sangue para justificar a tão esperada intervenção militar", vincou a Embaixada.
Agastados com a crise económica, que agravou a escassez de alimentos e medicamentos e obrigou o governo cubano a cortar a eletricidade durante várias horas por dia, milhares de cubanos saíram às ruas espontaneamente no domingo, em dezenas de cidades do país, aos gritos de "Temos fome", "Liberdade" e "Abaixo a Ditadura".
Trata-se de uma mobilização sem precedentes em Cuba onde as únicas reuniões autorizadas são geralmente as do Partido Comunista Cubano (PCC, partido único), tendo as forças de segurança procedido a dezenas de detenções e se envolvido em confrontos com manifestantes.
O Presidente de Cuba, Miguel Díaz-Canel, exortou no domingo os seus apoiantes a saírem às ruas prontos para o "combate", em resposta às manifestações que aconteceram contra o Governo em vários pontos do país.
"A ordem de combate está dada, os revolucionários às ruas", afirmou o governante, citado pela agência de notícias Efe.
Numa comunicação televisiva, Díaz-Canel acusou os Estados Unidos de desestabilizarem o país e de procurarem criar condições para uma mudança de regime, salientando que os protestos tiveram como objetivo "fraturar a unidade do povo" e "desacreditar o Governo e a revolução".
O serviço de Internet móvel foi cortado no domingo, a meio do dia, o que tem dificultado a circulação de informações sobre o impacto das manifestações populares.
Nas horas anteriores ao corte dos serviços de comunicações por Internet móvel, tinham-se multiplicado nas redes sociais as denúncias sobre repressão e violência policial sobre os manifestantes deste fim de semana.
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