Floresta amazónica está a tornar-se uma fonte de CO2

As alterações climáticas e a desflorestação estão a fazer com que a Amazónia emita CO2, em vez de absorver, uma grande transformação para este ecossistema crucial na limitação do aquecimento global, segundo um estudo hoje divulgado.

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Lusa
14/07/2021 18:20 ‧ 14/07/2021 por Lusa

Mundo

Estudo

Com base em centenas de amostras de ar recolhidas em várias altitudes na última década, o estudo publicado na revista Nature mostra que, em particular, a parte sudeste da Amazónia se transformou numa fonte de emissão de CO2, o gás responsável pelo efeito estufa.

Nos últimos 50 anos, as plantas e os solos absorveram mais de um quarto das emissões de CO2, mesmo quando essas emissões aumentaram 50%.

Portanto, se a Amazónia - que abriga metade das florestas tropicais particularmente eficientes na absorção desse carbono e que armazena 450 mil milhões de toneladas de CO2 em suas árvores e solos - se tornar uma fonte constante de CO2, resolver o problema do aquecimento global se tornará ainda mais difícil.

De acordo com o estudo, vários fatores são responsáveis por essa mudança na área da maior floresta tropical do planeta.

"O desfloretamento e a degradação florestal reduzem a capacidade da Amazónia de atuar como sumidouro de carbono", escrevem os autores.

Entre as causas dessa degradação, elencaram que as florestas foram queimadas para dar lugar à pecuária e à agricultura.

A mudança climática também é um fator-chave já que as temperaturas durante a estação seca aumentaram quase 3°C em face à era pré-industrial, quase três vezes a média global.

A combinação de todos esses fatores "questiona a capacidade das florestas tropicais de sequestrar grandes volumes de CO2 derivados de combustíveis fósseis no futuro", observou Scott Denning, da Universidade do Colorado, num comentário também publicado na Nature.

Esta questão preocupa os cientistas há muito tempo, mas os dados de satélite ainda não forneceram uma resposta completa, especialmente devido às nuvens que cobrem a região.

Para contornar o problema, uma equipa de pesquisa brasileira recolheu 600 amostras de CO2 e monóxido de carbono entre 2010 e 2018 em altitudes de até 4,5 quilómetros acima do solo.

De acordo com suas descobertas, o noroeste da Amazónia está em equilíbrio, absorvendo tanto CO2 quanto emite para a atmosfera. Mas o leste, especialmente na estação seca, torna-se uma fonte líquida.

Com o derretimento das calotas polares, o degelo do pergelissolo (tipo de solo encontrado no Ártico) ou o desaparecimento dos recifes de coral, o declínio da floresta amazónica é um dos "pontos de inflexão" identificados pelos cientistas como elementos-chave cuja modificação substancial pode levar a uma mudança dramática e irremediável no clima.

A Amazónia é a maior floresta tropical do mundo e possui a maior biodiversidade registada numa área do planeta, com cerca de 5,5 milhões de quilómetros quadrados e inclui territórios do Brasil, Peru, Colômbia, Venezuela, Equador, Bolívia, Guiana, Suriname e Guiana Francesa (pertencente à França).

Leia Também: Desflorestamento da amazónia brasileira cresceu 17,1% no 1º semestre

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