Alunos a caminho da escola secundária, clientes a fazer compras em lojas e pessoas à entrada do metro e autocarro mantinham esta manhã o mesmo ritual que nas semanas anteriores, apesar de o uso de máscara já não ser obrigatório por lei em Inglaterra desde hoje.
A caminho do metro junto à estação de Highbury and Islington, no norte de Londres, Robert preparava-se para colocar a máscara antes de apanhar o metro a caminho do trabalho, no centro da capital.
"Vou continua a usar a máscara em espaços fechados e com muitas pessoas porque não considero que seja seguro não usar. A taxa de infeção continua muito alta. O Governo simplesmente subcontratou às empresas o que devia ser uma lei", disse à agência Lusa.
Noutras partes do país, pelo contrário, algumas discotecas decidiram aproveitar a mudança de regras e o fim do distanciamento social para reabrir à meia-noite de hoje, a primeira vez desde março de 2020.
"É fantástico, senti falta de dançar em contacto próximo com pessoas", disse uma jovem numa discoteca em Leeds, no norte de Inglaterra, em declarações à BBC.
O Governo está a incentivar alguns setores, como a restauração e animação noturna, a pedir certificados de vacinação e teste negativo à covid-19 à entrada, mas este sistema é opcional.
As principais redes de supermercados, como Asda, Lidl, Tesco, Sainsbury's ou Aldi, decidiram "encorajar" os clientes a usarem máscara, mas cabe a estes decidir, mantendo também os dispensadores de gel e painéis de proteção nas caixas registadoras.
A Transport for London, a entidade que gere a rede de transportes públicos na área metropolitana da cidade, decidiu exigir aos utentes o uso das máscaras, alegando que estas "são eficazes para proteger a todos do vírus".
"Isto vai dar confiança adicional à medida que mais utentes voltam aos transportes públicos e Londres recupera da pandemia", justificou o diretor de comunicação, Vernon Everitt.
A partir de hoje, a capacidade dos autocarros deixará de ter limitações, mas na semana passada várias linhas de metropolitano foram encerradas ou tiveram o serviço reduzido devido à falta de funcionários, forçados a isolar-se devido terem tido contactos de risco.
O próprio primeiro-ministro, Boris Johnson, e o ministro das Finanças, Rishi Sunak, estão em quarentena até 26 de julho devido ao contacto com o ministro da Saúde, Sajid Javid, que testou positivo na sexta-feira.
Em vez do 'freedom day', nos últimos dias os jornais britânicos passaram a referir-se a 'pingdemic', numa referência aos mais de 500 mil alertas emitidos na semana passada a pessoas para se isolaram porque estiveram em contacto com infetados.
Empresários do setor da restauração e das cadeias de abastecimento alimentar queixam-se da falta de pessoal, o que os levou a criticar o primeiro-ministro, Boris Johnson, por inicialmente evitar o isolamento de 10 dias aderindo a um projeto piloto que implicaria testes diários.
O coro de protestos na manhã de domingo levou a uma inversão de marcha de Johnson, que hoje publicou um vídeo na rede social Twitter apelando à "cautela" nesta nova fase do desconfinamento.
Embora a vacinação dê sinais de estar a controlar a mortalidade, mantendo a média diária em 50, muito abaixo do valor registado nas vagas anteriores desta pandemia, o número de casos continua a disparar e já chegou de novo aos 50 mil por dia na semana passada.
"Por favor, por favor, por favor sejam cautelosos. Avancem para a próxima etapa com toda a prudência e respeito pelas outras pessoas e pelos riscos que a doença continua a apresentar", vincou Johnson.
As mudanças nas regras determinadas pelo Governo britânico afetam apenas a Inglaterra, enquanto em Irlanda do Norte, País de Gales ou Escócia são os governos autónomos a decidir.
Hoje na Escócia as restrições diminuíram, mas o uso das máscaras continua a ser obrigatório, tal como no País de Gales e Irlanda do Norte, onde algumas restrições foram atenuadas, mas continuam a existir medidas de distanciamento social.
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