Depois de declarar infundados os últimos recursos jurídicos apresentados por Fujimori, o Júri Nacional de Eleições (JNE) aprovou os resultados da votação de 06 de junho, em que Castillo conquistou 50,1% dos votos, mais 44 mil que a candidata de direita, que obteve 49,8%.
A proclamação de Castillo, de 51 anos, acontece oito dias antes da tomada de posse, marcada para 28 de julho, data em que o Peru celebrará 200 anos de independência.
Nesse dia, o atual Presidente interino, Francisco Sagasti, entregará a presidência a Castillo, professor numa escola rural da região andina de Cajamarca.
O sindicalista, saído do anonimato há quatro anos, quando liderou uma greve de professores, é apontado como o primeiro chefe de Estado sem ligação às elites políticas e económicas do país.
Nascido numa aldeia na região andina, onde foi professor durante 24 anos, Castillo é considerado "o primeiro Presidente pobre do Peru", disse o analista Hugo Otero à agência de notícias France-Presse (AFP).
Castillo, que cresceu na aldeia de Puña, trabalhou nos campos com os pais, em criança, e teve de percorrer vários quilómetros a pé até à escola.
Durante a campanha, anunciou que, se ganhasse, renunciaria ao salário presidencial e continuaria a viver do salário de professor.
Católico, casado com uma evangélica, Pedro Castillo cita habitualmente passagens da Bíblia para justificar a sua rejeição do aborto, casamento entre pessoas do mesmo sexo e eutanásia.
O seu programa assenta no reforço dos setores da saúde, educação e agricultura para melhorar a situação dos peruanos mais pobres, que enfrentam uma recessão provocada pela pandemia, bem como o aumento do desemprego e da pobreza.
Castillo também favorece o regresso ao controlo estatal da riqueza energética e mineral do país, incluindo gás, lítio, cobre e ouro, atualmente detida por multinacionais.
Entre as suas promessas de campanha mais controversas, Castillo comprometeu-se a deportar os estrangeiros que cometam crimes no Peru, um aviso aos migrantes venezuelanos em situação ilegal que chegaram em massa desde 2017, e a reintroduzir a pena de morte para combater a insegurança.
A candidata de direita, Keiko Fujimori, filha do ex-Presidente Alberto Fujimori (1990-2000), que cumpre uma pena de 25 anos de prisão por corrupção e crimes contra a humanidade, fez repetidas acusações de fraude contra Castillo e pediu a anulação de dezenas de milhares de votos.
No entanto, a missão de observação eleitoral da Organização dos Estados Americanos (OEA) considerou que a eleição decorreu sem "irregularidades graves".
A líder do partido de direita Fuerza Popular passou 16 meses em detenção provisória por suspeitas de corrupção no caso da empresa brasileira Odebrecht, tendo saído da prisão, em liberdade condicional, em abril de 2020.
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