"O governo [iraniano] deveria concentrar-se no impacto terrível da crise de escassez crónica de água na vida, saúde e prosperidade do povo do Cuzistão e nos protestos de pessoas que estão desesperadas após anos de abandono", disse Bachelet em comunicado após as manifestações desta semana que, segundo ela, têm sido violentamente reprimidas e com registo de vítimas.
Bachelet acusou o governo iraniano de negligência face a uma "situação catastrófica".
"Disparar sobre as pessoas e detê-las só vai aumentar a raiva e o desespero", prosseguiu, adiantando que os feridos se recusaram a ir ao hospital por recearem ser presos.
"Nunca é tarde para mudar de tática", aconselhou ao governo, que deve dar instruções claras à polícia para respeitar os padrões internacionais.
A responsável pediu também ao governo iraniano para levar "a sério" os problemas no Cuzistão e tomar "medidas imediatas" e de longo prazo para melhorar a situação, em conjunto com a população.
O Cuzistão, território dos principais campos de petróleo do Irão, foi atingido por uma seca desde o final de março, levando a manifestações em várias cidades da província.
Pelo menos três pessoas morreram, incluindo um polícia e um manifestante, de acordo com os meios de comunicação e as autoridades iranianas.
Por seu lado, Bachelet mencionou quatro mortes entre os manifestantes e um polícia, mas ressalvou que informações não confirmadas indicam um número maior de mortes.
O portal da Internet da televisão estatal iraniana, Iribnews, noticiou que uma pessoa morreu e duas outras ficaram feridas na noite de quinta-feira, em "motins" na província vizinha de Lorestão, "sob o pretexto de problemas de água no Cuzistão".
Esta é a primeira vez que a imprensa local noticia manifestações ou vítimas fora do Cuzistão.
Na quinta-feira, o Presidente iraniano, Hassan Rohani, disse que os residentes do Cuzistão têm "o direito" de "se expressar" e "até mesmo de ir para as ruas, dentro da estrutura dos regulamentos".
O líder supremo iraniano, Ali Khamenei, pediu hoje aos manifestantes para não fazerem o jogo dos "inimigos" do país.
A população da província, que conta com uma grande minoria árabe, queixa-se regularmente de ser deixada para trás pelas autoridades.
O Cuzistão foi um dos focos da onda de protestos contra o poder, reprimidos com violência, em novembro de 2019.
Leia Também: Conselho de Segurança da ONU condena posições do Presidente turco