Os dados foram hoje divulgados num relatório de atualização de risco, no qual o ECDC fala em "vários surtos recentes de covid-19 em instalações de cuidados a longo prazo na União Europeia e Espaço Económico Europeu [UE/EEE]".
"Os surtos de covid-19 em lares nos países da UE/EEE têm causado morbilidade e mortalidade significativas desde o início da pandemia de covid-19. Assim, os programas de vacinação deram prioridade aos residentes como um dos principais grupos alvo da vacinação e, embora a morbilidade e a mortalidade nesta população tenha diminuído drasticamente com o aumento progressivo da vacinação, vários surtos continuaram a ocorrer durante 2021, coincidindo com elevados níveis de transmissão comunitária e vacinação incompleta dos residentes e do pessoal", alerta a agência europeia no relatório.
Esta advertência surge numa altura em que a variante Delta, detetada na Índia e muito mais transmissível, é dominante em praticamente todos os países europeus, e em que "mais de 20% do pessoal dos lares não se encontra vacinado" contra a covid-19, de acordo com as estimativas do ECDC, que ainda assim admite a "falta de dados fiáveis sobre a cobertura vacinal" nestas estruturas.
O centro europeu prevê também que estes casos de surtos "continuem até que uma maior proporção da população em geral esteja totalmente vacinada, a menos que sejam implementadas intervenções não-farmacêuticas [medidas de contenção] mais rigorosas", indica o relatório consultado pela Lusa.
No documento, o ECDC destaca que seis países -- Portugal, Bélgica, Finlândia, Alemanha, Luxemburgo e Noruega -- notificaram a agência sobre 18 surtos de SARS-CoV-2, dos quais 17 incluíam casos tanto entre residentes como entre o pessoal.
Atento nestes exemplos, a agência europeia refere que, em 16 destes surtos, foram detetados casos de covid-19 entre residentes dos lares totalmente vacinados. No que toca à vacinação do pessoal, era inferior a 80%.
"Níveis elevados de transmissão comunitária de SARS-CoV-2 aumentam o risco de surtos em lares e o risco de infeção para indivíduos vulneráveis não vacinados ou parcialmente vacinados", avisa o ECDC no documento, lembrando estarem em causa pessoas de risco por causa da "idade e condições subjacentes".
E lembrando que este "nível global de transmissão na população em geral tem um impacto direto no risco para os residentes dos lares", o centro europeu pede aos Estados-membros a "continuação de medidas para manter ou reduzir a propagação", de forma a assim "reduzir o risco para este grupo vulnerável".
Em específico para esta população, o ECDC exorta os países europeus a "assegurar rapidamente a cobertura total da vacinação dos residentes de lares e de todas as pessoas em contacto com eles", bem como à "implementação de medidas para reduzir o risco de introdução do vírus".
Esta agência europeia pede ainda uma "identificação precoce de casos de covid-19" nestas estruturas, com testes e rastreios frequentes, e um "cumprimento meticuloso" das medidas restritivas para residentes, pessoal e visitantes, "independentemente da cobertura vacinal, assegurando ao mesmo tempo que as necessidades de saúde mental dos residentes sejam tomadas em consideração".
A ferramenta 'online' do ECDC para rastrear a vacinação na UE, que tem por base as notificações dos Estados-membros, indica que uma média de 78,5% dos idosos com mais de 80 anos já tem a vacinação completa e 82% recebeu uma dose da vacina, percentagens que sobem para 81,9% e 85,6%, respetivamente, na faixa etária dos 70 aos 79 anos.
Em termos gerais, 53,9% dos adultos da UE tem já as duas da vacina e 68,3% apenas uma.
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