Em comentários difundidos pela embaixada da China, Qin Gang garantiu que a "porta" das relações "não pode mais ser fechada", e assegurou que os laços entre as duas potências refletem a "tendência do mundo, o espírito da era atual e a vontade dos povos".
O novo emissário de Pequim enfatizou que as relações China - EUA "progrediram apesar das curvas e obstáculos" ao longo do último meio século.
"A China e os Estados Unidos estão a entrar num novo nível de exploração, compreensão e adaptação mútuas, e a tentar encontrar uma maneira de se relacionarem nesta nova era", disse Qin Gang.
A chegada de Qin ocorre após a relação bilateral se ter deteriorado rapidamente para o pior nível em décadas. Os dois lados travam uma prolongada guerra comercial e tecnológica e mantêm diferendos sobre questões de Direitos Humanos e cibersegurança, o estatuto de Hong Kong e Taiwan ou a soberania do Mar do Sul da China.
Qin, de 55 anos, ocupou o cargo de vice-ministro dos Negócios Estrangeiros da China e serviu como porta-voz do ministério por duas vezes, ganhando reputação pelo seu tom agressivo, que se tornou o padrão entre os diplomatas chineses.
"Os seus comentários públicos para o Ocidente e os EUA são mais duros do que os embaixadores chineses de mandatos anteriores", disse Shi Yinhong, professor de relações internacionais da Universidade Renmin, em Pequim.
Os EUA não têm, atualmente, embaixador em Pequim, embora se espere que o Presidente Joe Biden indique Nicholas Burns, ex-embaixador na NATO [Organização do Tratado do Atlântico Norte] e porta-voz do Departamento de Estado.
As reuniões de alto nível realizadas esta semana na cidade portuária de Tianjin, norte da China, voltaram a revelar as profundas divisões entre os dois países.
O vice-ministro dos Negócios Estrangeiros da China, Xie Feng, disse à vice-secretária de Estado, Wendy Sherman, que os Estados Unidos são o "inventor e proprietário da patente e da propriedade intelectual" da diplomacia coercitiva.
Numa reunião separada com Sherman, o ministro dos Negócios Estrangeiros da China, Wang Yi, disse que Pequim não tolera o que considera a interferência dos EUA nos seus assuntos internos e principais interesses de desenvolvimento.
Sherman, em entrevista após as reuniões, disse que os Direitos Humanos não são apenas um assunto interno e pediu à China que trabalhe com os Estados Unidos em questões globais como uma grande potência responsável.
Qin substitui Cui Tiankai, que foi embaixador nos Estados Unidos por oito anos, durante a constante deterioração nos laços.
O novo embaixador chefiou anteriormente o Departamento de Protocolo, mas não ocupou nenhum cargo diretamente responsável pelas relações com os EUA, de acordo com seu currículo oficial no portal do ministério.
Como chefe de protocolo, trabalhou diretamente com o Presidente chinês, Xi Jinping, e tem ampla experiência no acompanhamento de líderes chineses no exterior.
Citado pela Associated Press, Shi advertiu que o estado das relações EUA - China limitaria a influência de qualquer embaixador.
"Nas atuais circunstâncias de competição e confronto total entre a China e os EUA, não acho que nenhum embaixador possa ter um impacto significativo nas relações", disse.
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