O Departamento de Estado norte-americano anunciou na segunda-feira um novo programa de admissão de refugiados do Afeganistão, a menos de um mês do fim da retirada total das forças dos Estados Unidos do país.
O programa abrange os tradutores que trabalharam para os militares norte-americanos, afegãos envolvidos em projetos financiados por Washington e funcionários locais que estiveram ao serviço de organizações não-governamentais ou meios de comunicação social dos Estados Unidos.
O plano prevê a "relocalização" dos afegãos nos países da região durante um período de um ano, tempo necessário para levar a cabo processos administrativos relacionados com os cidadãos afegãos.
O governo da Turquia, que até ao momento recebeu mais de quatro milhões de refugiados, a maior parte civis vítimas da guerra da Síria, diz que não foi consultado pelos Estados Unidos sobre o plano respeitante aos cidadãos do Afeganistão.
A Turquia receia uma nova vaga de refugiados do Afeganistão após a retirada total das tropas dos Estados Unidos do país.
"É inaceitável procurar uma solução para o problema no nosso país, sem o nosso consentimento", disse o ministro dos Negócios Estrangeiros da Turquia através de um comunicado.
O Departamento de Estado norte-americano referiu-se à Turquia e ao Paquistão como possíveis pontos de "relocalização" dos afegãos.
O Ministério dos Negócios Estrangeiros da Turquia estima que o projeto norte-americano pode provocar uma grande "crise migratória" na região.
Por outro lado, o Presidente da Turquia Recep Erdogan indicou que os responsáveis turcos mantêm discussões com homólogos afegãos sobre o assunto.
A questão dos refugiados deve ser abordada também entre Ancara e a União Europeia, no quadro da revisão do acordo de 2016 sobre o acolhimento de migrantes e refugiados.
Questionado sobre o número de afegãos na Turquia, um alto responsável pelo Departamento de Estado dos Estados Unidos disse na segunda-feira que "não dispõe de dados".
"Posso dizer que não se trata de um grande fluxo mas sim de várias pessoas", afirmou a fonte.
Em resposta, a diplomacia turca indicou que se Washington se preocupa com os afegãos "pode fazê-lo através de voos diretos" para os Estados Unidos.
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