Turquia critica plano dos EUA sobre relocalização de refugiados afegãos

Ancara criticou hoje o plano norte-americano que pretende usar a Turquia como país de acolhimento de milhares de afegões que estiveram ligados às forças dos Estados Unidos no Afeganistão e que podem ser alvo de represálias dos talibãs.   

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Lusa
04/08/2021 14:22 ‧ 04/08/2021 por Lusa

Mundo

Turquia

 

O Departamento de Estado norte-americano anunciou na segunda-feira um novo programa de admissão de refugiados do Afeganistão, a menos de um mês do fim da retirada total das forças dos Estados Unidos do país. 

O programa abrange os tradutores que trabalharam para os militares norte-americanos, afegãos envolvidos em projetos financiados por Washington e funcionários locais que estiveram ao serviço de organizações não-governamentais ou meios de comunicação social dos Estados Unidos.

O plano prevê a "relocalização" dos afegãos nos países da região durante um período de um ano, tempo necessário para levar a cabo processos administrativos relacionados com os cidadãos afegãos. 

O governo da Turquia, que até ao momento recebeu mais de quatro milhões de refugiados, a maior parte civis vítimas da guerra da Síria, diz que não foi consultado pelos Estados Unidos sobre o plano respeitante aos cidadãos do Afeganistão.

A Turquia receia uma nova vaga de refugiados do Afeganistão após a retirada total das tropas dos Estados Unidos do país. 

"É inaceitável procurar uma solução para o problema no nosso país, sem o nosso consentimento", disse o ministro dos Negócios Estrangeiros da Turquia através de um comunicado. 

O Departamento de Estado norte-americano referiu-se à Turquia e ao Paquistão como possíveis pontos de "relocalização" dos afegãos. 

O Ministério dos Negócios Estrangeiros da Turquia estima que o projeto norte-americano pode provocar uma grande "crise migratória" na região.

Por outro lado, o Presidente da Turquia Recep Erdogan indicou que os responsáveis turcos mantêm discussões com homólogos afegãos sobre o assunto. 

A questão dos refugiados deve ser abordada também entre Ancara e a União Europeia, no quadro da revisão do acordo de 2016 sobre o acolhimento de migrantes e refugiados.

Questionado sobre o número de afegãos na Turquia, um alto responsável pelo Departamento de Estado dos Estados Unidos disse na segunda-feira que "não dispõe de dados".

"Posso dizer que não se trata de um grande fluxo mas sim de várias pessoas", afirmou a fonte.  

Em resposta, a diplomacia turca indicou que se Washington se preocupa com os afegãos "pode fazê-lo através de voos diretos" para os Estados Unidos.  

Leia Também: Grécia acusa Turquia de colocar em perigo migrantes em acidente no Egeu

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