Guiné-Bissau critica "escândalo universal" no acesso a vacinas
A Alta Comissária da Guiné-Bissau para o combate a pandemia do novo coronavírus, Magda Robalo, afirmou hoje que a falta de equidade no acesso às vacinas para proteger contra a covid-19 constitui um "escândalo universal".
© Lusa
Mundo Covid-19
"Vamos continuar a dizer que é um escândalo universal esta falta de equidade. Nós vimos os países ricos vacinarem as suas populações, a primeira e segunda dose, e só quando restaram as doses que tinham açambarcado é que nós, os países mais pobres, estamos a receber as vacinas", lamentou.
Apesar da crítica, Magda Robalo enalteceu a solidariedade internacional e agradeceu a alguns países, com destaque para os Estados Unidos de América.
"Já se vacina no mundo desde o dezembro do ano passado e janeiro deste ano e a Guiné-Bissau como muitos países africanos tem recebido muitos poucas doses de vacina. Este é o primeiro grande donativo, mas é também o resultado de um esforço mundial para aumentar o acesso as vacinas por parte das populações que vivem no hemisfério sul" disse a médica guineense.
Magda Robalo falava à imprensa após receber 302.400 doses da vacina Janssen doadas pelo governo dos Estado Unidos de América, no âmbito da iniciativa Covax.
"Quero juntar a minha voz a comunidade internacional dizer que isso não pode ser e que devemos todos trabalhar para combater a pandemia em pé da igualdade e que o acesso seja em condições equitáveis. Não só as vacinas, como aos meios de diagnósticos", assegurou.
Para o representante da Organização Mundial de Saúde (OMS) na Guiné-Bissau, Jean Marie Kipela, o combate a pandemia de covid-19 requer uma resposta unida, porque nenhum país consegue ter sucesso desejável sozinho.
O representante da OMS realçou que a instalação do mecanismo de acesso global à vacinas covid-19 (Covax) proporciona uma das melhores oportunidades que existe para garantir que todos os países, incluindo a Guiné-Bissau, possam aceder à uma vacina segura e eficaz.
"Com estas 302.400 doses da vacina Janssen, a Guiné-Bissau poderá alcançar a cobertura de 16 por cento da sua população. Somando às 74.870 doses de vacinas já recebidas, o país terá uma cobertura total de 18 por cento", sublinhou.
No âmbito do Covax - mecanismo de distribuição universal e equitativa de vacinas contra a covid-19 cogerido pela Organização Mundial de Saúde (OMS) - a Guiné-Bissau deveria ter recebido até final de maio 120.000 doses de vacinas da AstraZeneca, mas devido a problemas de distribuição na Índia, acabou por apenas receber 28.000 doses em abril.
A Guiné-Bissau iniciou a vacinação contra a covid-19 em abril no Setor Autónomo de Bissau, tendo depois estendido o processo às regiões de Bafatá e Biombo.
O plano de vacinação das autoridades guineenses prevê atingir 70 por cento da população, por forma a alcançar a imunidade de grupo que possa favorecer uma redução significativa da transmissão.
Segundo os últimos dados divulgado pelo Alto Comissariado, a Guiné-Bissau regista um total acumulado de 4.702 casos e 79 vítimas mortais.
A pandemia de covid-19 fez pelo menos 4.268.017 mortos em todo o mundo, entre mais de 200,8 milhões de casos de infeção pelo novo coronavírus, desde que a OMS detetou a doença na China em finais de dezembro de 2019, segundo o último balanço da France-Press com base em dados oficiais.
A doença respiratória é provocada pelo coronavírus SARS-CoV-2, detetado no final de 2019 em Wuhan, cidade do centro da China, e atualmente com variantes identificadas em países como o Reino Unido, Índia, África do Sul, Brasil e Peru.
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