O glaciar de Planpincieux, situado a 2.700 metros de altitude, acima da vila homónima, está sob a vertente sul dos Grandes Jorasses.
Qualificado como "temperado", já está a derreter, ao contrário dos glaciares polares, ainda gelados até à rocha. Isto significa que o glaciar de Planpincieux pode deslizar mais rapidamente que previsto, devido à camada de água em que assenta, o que aumenta o risco para o Vale Ferret, situado abaixo, segundo os cientistas.
"Estamos a enfrentar uma subida importante da temperatura, que acelera a formação de uma camada de água sob o glaciar", disse Valerio Segor, diretor de gestão dos riscos naturais no Val de Aosta, no nordeste de Itália, à AFPTV.
Antes, este glaciar, mais espesso e menos fraturado, estava numa posição mais estável sobre a rocha, lembrou Paolo Ferret, um perito em glaciares baseado em Courmayeur, mas, devido ao aquecimento global, "deslocou-se sobre uma superfície lisa, ficando mais instável".
O glaciar desliza lenta mas seguramente, até um metro e meio por dia em casos extremos, especificou Ferret.
Em comparação, o bloco de gelo Whymper, um glaciar de tipo polar nas proximidades, mas a quatro mil metros de altitude, desliza a uma média diária de dois a vinte centímetros por dia.
Um enorme bloco com 15 metros cúbicos de gelo destacou-se do Whymper em outubro, imediatamente depois de as autoridades terem interdito o acesso aos caminhos situados abaixo.
Os movimentos destas massas de gelo são seguidos de perto com a ajuda de radares e as autoridades regionais já se dotaram de planos de emergência, assentes em vários cenários.
No cenário "extremo", concebe-se a queda de 800 mil metros cúbicos na vila e nas vias de acesso, avançou Paolo Ferret.
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