"Identificámos e prendemos 76 pessoas que partilhavam informações falsas nas redes sociais para provocar ou participar" nesses ataques, indicou a polícia, em comunicado hoje divulgado.
Entre os suspeitos detidos, 38 já eram conhecidos pela polícia por atos de furto, agressão e espancamento ou tráfico de drogas, segundo a mesma fonte.
Na madrugada de quarta-feira para hoje, centenas de pessoas atacaram e saquearam várias lojas e residências sírias num bairro em Ancara, indicou hoje o diário turco BirGun.
O presidente da organização humanitária não governamental Crescente Vermelho turco, Kerem Kinik, escreveu, na rede social Twitter, que uma criança síria tinha sido hospitalizada depois de ter ficado ferida por uma pedra atirada à casa da sua família.
"Desde quando é que o apedrejar casas à noite faz parte dos nossos costumes? Vários refugiados têm-nos contactado. Eles têm medo pela segurança dos seus filhos", prosseguiu.
Numa declaração feita ao início do dia de hoje, o Governo de Ancara disse que a calma foi restaurada graças "à compostura dos cidadãos e ação das forças de aplicação da lei".
"Apelamos aos nossos cidadãos para que não prestem atenção a declarações e mensagens provocadoras" nas redes sociais, acrescentou.
Os incidentes ocorreram depois de um jovem turco ter sido esfaqueado até à morte numa rixa entre dois grupos e de a Internet e os meios de comunicação social terem apresentado o autor do crime como sendo sírio.
Dois estrangeiros acusados de "homicídio voluntário" foram detidos, segundo a agência estatal Anadolu, sem especificar a nacionalidade.
A Turquia, que acolhe quase quatro milhões de refugiados sírios, tem sido abalada por surtos xenófobos nos últimos anos, frequentemente criados por rumores que se espalham nas redes sociais e aplicações de mensagens instantâneas.
O motim em Ancara aconteceu num contexto de aumento de notícias falsas e declarações antimigrantes, especialmente nas redes sociais, tendo como pano de fundo um aumento do afluxo de refugiados afegãos que fogem do avanço dos talibãs no seu país.
Os opositores do Presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, fizeram repetidas acusações de "laxismo" na questão da migração e o principal rival do chefe de Estado, Kemal Kiliçdaroglu, prometeu, no mês passado, "enviar sírios de volta para o seu país" se o seu partido vencer as próximas eleições. em 2023.
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