Ricardo Barros, que é acusado de ser o mentor das supostas irregularidades na compra da vacina indiana Covaxin, encontrava-se a depor na CPI perante senadores, quando lançou ataques aos trabalhos da comissão, situação que levou a sessão a ser suspensa.
"O mundo inteiro quer comprar vacina, e espero que essa CPI traga bons resultados ao Brasil. Porque o negativo já produziu muito: afastou empresas interessadas em vender vacina ao Brasil", disse o deputado, o que gerou indignação nos senadores presentes na sala, que classificaram as declarações de "inaceitáveis".
"Afastamos a vacina que vocês, do Governo, queriam tirar proveito", disse, por sua vez, o presidente da CPI, Omar Aziz, que anunciou a suspensão da reunião.
Após a confusão gerada, e consequente suspensão da sessão, Aziz declarou que irá reavaliar a condição de Barros como convidado da CPI, ou seja, poderá ser submetido a regras mais rigorosas ao longo do inquérito.
Já após ter saído da sala, depois da suspensão da sessão e acompanhado por parlamentares apoiantes do Governo, Ricardo Barros insistiu aos jornalistas que a atuação da comissão afastou do Brasil novos laboratórios produtores de vacinas.
"A CPI faz seu trabalho, mas, facto concreto, não há mais laboratório procurando o Brasil para vender vacina porque não querem se expor a esse tipo de inquirição que a CPI faz", reforçou.
O líder do Governo na Câmara dos Deputados foi chamado a depor após o deputado 'bolsonarista' Luis Miranda ter revelado que o Presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, mencionou o nome de Ricardo Barros ao ouvir denúncias de irregularidades na negociação do Ministério da Saúde para comprar a vacina indiana Covaxin.
As denuncias feitas por Luis Miranda levaram a comissão do Senado a apurar várias irregularidades nas negociações da Covaxin, que levaram o Governo a rescindir o contrato de compra da vacina.
Ao longo da sessão de hoje, Ricardo Barros chegou a negar, novamente, ter sido citado por Bolsonaro como possível envolvido no caso. O deputado, que foi ministro da Saúde no Governo Michel Temer (2016-2018), disse não ter influência na pasta e nunca ter participado de negociações de imunizantes.
Barros negou ainda que tenha qualquer relação pessoal com Francisco Maximiano, sócio da Precisa Medicamentos, empresa que negociou o contrato para a venda da vacina Covaxin ao Governo.
Além da CPI, a revelação de indícios sobre possíveis irregularidades na aquisição da Covaxin tornou-se foco de uma investigação do Ministério Público e a polícia brasileira também investiga o Presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, para apurar um suposto crime de prevaricação na aquisição da Covaxin.
Esta investigação deve verificar se o Presidente brasileiro soube de irregularidades nas negociações para a compra da vacina da indiana Bharat Biotech e não pediu uma investigação depois de o deputado Luis Miranda e o seu irmão Ricardo Miranda, chefe de importação do Ministério da Saúde, terem dito que transmitiram informações sobre as alegadas irregularidades neste contrato diretamente ao governante.
O Brasil é o país lusófono mais afetado pela pandemia e um dos mais atingidos no mundo ao contabilizar 565.748 vítimas mortais e 20,2 milhões de casos confirmados de covid-19.
A covid-19 provocou pelo menos 4.323.957 mortes em todo o mundo, entre mais de 204,7 milhões de infeções pelo novo coronavírus registadas desde o início da pandemia, segundo o mais recente balanço da agência France-Presse.
A doença respiratória é provocada pelo coronavírus SARS-CoV-2, detetado no final de 2019 em Wuhan, cidade do centro da China, e atualmente com variantes identificadas em países como o Reino Unido, Índia, África do Sul, Brasil ou Peru.
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