"Apelo para a rápida expansão da assistência humanitária para apoiar as centenas de milhares de indivíduos deslocados pela contínua insegurança em Cabo Delgado", disse Vitorino, que se encontra numa visita de três dia a Moçambique, citado num comunicado da organização.
"A OIM aumentou significativamente as operações para chegar a dezenas de milhares de famílias todos os meses. É necessário um financiamento adicional significativo para cobrir necessidades humanitárias que salvam vidas e trabalhar para soluções duradouras, em especial antes da próxima época de chuvas e ciclones, em dezembro", acrescentou.
De acordo com o documento, o diretor-geral da OIM visitou o distrito de Metuge, que acolhe mais de 125.000 das cerca de 732.000 pessoas deslocadas desde finais de 2017.
A OIM diz ter prestado assistência a mais de 600.000 pessoas em Cabo Delgado entre janeiro e julho deste ano, tendo dinamizado a construção de abrigos ou apoios à reconstrução. No entanto, a organização diz que as suas operações estão subfinanciadas.
António Vitorino sublinhou ainda que as respostas da organização "devem também abordar os fatores de fragilidade e violência" e "promover a paz e recuperação sustentáveis".
"É necessário um apoio essencial para a programação da OIM para a construção da paz. A necessidade é mais urgente que nunca, considerando o contexto em rápida mudança nos distritos do norte de Cabo Delgado", frisou.
A OIM estima necessitar de 58 milhões de dólares (49,4 milhões de euros) para apoiar os esforços de emergência e pós-crise em Moçambique ao abrigo do Plano de Resposta à Crise da OIM Moçambique, que inclui 21,7 milhões de dólares (18,5 milhões de euros) "para responder às necessidades humanitárias imediatas de salvamento de vidas no norte" do país.
A província de Cabo Delgado, norte de Moçambique, é palco de ataques por grupos armados desde 2017, descritos por vários governos e entidades internacionais como "terroristas".
A luta contra os insurgentes ganhou um novo impulso, quando há 10 dias forças conjuntas de Moçambique e do Ruanda reconquistaram a estratégica vila portuária de Mocímboa da Praia, que estava nas mãos dos rebeldes desde 23 de março.
Na sequência dos ataques em Cabo Delgado, há mais de 3.100 mortes, segundo o projeto de registo de conflitos ACLED, e mais de 817 mil deslocados, segundo as autoridades moçambicanas.
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