Numa conversa telefónica, os dois responsáveis políticos "saudaram a cooperação dos Estados Unidos e do Reino Unido" nas operações de evacuação no Afeganistão, segundo comunicado do gabinete do primeiro-ministro britânico.
Mas também discutiram "a necessidade de uma cooperação estreita e de continuar como aliados e parceiros democráticos" no que respeita à situação naquele país, agora nas mãos dos talibãs, disse a Presidência dos EUA.
O governo britânico anunciou também hoje o lançamento de um programa para acolher 20.000 refugiados afegãos "a longo prazo", incluindo 5.000 no primeiro ano, na véspera de uma sessão especial do parlamento dedicada à crise causada pelo regresso dos Talibãs ao poder.
"Temos uma dívida de gratidão para com todos aqueles que durante os últimos 20 anos trabalharam connosco para fazer do Afeganistão um lugar melhor. Muitos destes, especialmente mulheres, precisam agora urgentemente da nossa ajuda", afirmou o Primeiro-Ministro Boris Johnson num comunicado do Ministério do Interior.
Boris Johnson disse ainda estar "orgulhoso por o Reino Unido ter sido capaz de pôr em prática um plano para os ajudar e às suas famílias a viverem em segurança no Reino Unido".
Um porta-voz dos talibãs prometeu hoje que o movimento radical islâmico, que conquistou o poder no país nos últimos dias, vai proteger o Afeganistão, garantindo que não são movidos por qualquer desejo de vingança.
Apesar das promessas, a maioria da população mantém-se cética, com as gerações mais velhas a recordarem nitidamente o ultraconservadorismo islâmico defendido pelos talibãs nos anos 1990, incluindo as severas restrições às mulheres, os apedrejamentos e amputações públicas e o isolamento em relação ao resto do mundo.
Entretanto, o vice-presidente deposto do Afeganistão, Amrullah Saleh, declarou-se hoje presidente legítimo do país, devido à fuga do ex-chefe de Estado no domingo, e prometeu não se submeter aos talibãs.
O antigo chefe dos espiões do país, inimigo dos islamistas, que domingo tomaram o poder em Cabul, retirou-se para a última região ainda não controlada pelos talibãs: o Vale Panchir, a nordeste da capital.
"Não vou dececionar os milhões de pessoas que me ouviram. Nunca estarei sob o mesmo teto que os talibãs", escreveu na rede social Twitter no domingo, pouco antes de se esconder.
No dia seguinte, foram publicadas nas redes sociais imagens de Amrullah Saleh e Ahmad Massoud, o filho do famoso comandante Ahmed Shah Massoud, assassinado em 2001 pela Al-Qaeda, no Vale do Panchir, à beira do maciço do Hindu Kush.
Os dois homens parecem estar a lançar as bases do que seria uma rebelião contra o novo regime, uma vez que homens armados começaram a reagrupar-se em Panchir.
Os talibãs conquistaram Cabul no domingo, culminando uma ofensiva iniciada em maio, quando começou a retirada das forças militares norte-americanas e da NATO.
As forças internacionais estavam no país desde 2001, no âmbito da ofensiva liderada pelos Estados Unidos contra o regime extremista (1996-2001), que acolhia no seu território o líder da Al-Qaida, Osama bin Laden, principal responsável pelos atentados terroristas de 11 de setembro de 2001.
A tomada da capital põe fim a uma presença militar estrangeira de 20 anos no Afeganistão, dos Estados Unidos e dos seus aliados na NATO, incluindo Portugal.
Face à brutalidade e interpretação radical do Islão que marcou o anterior regime, os talibãs têm assegurado aos afegãos que a "vida, propriedade e honra" vão ser respeitadas e que as mulheres poderão estudar e trabalhar.
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