Líbia. ONU apela ao respeito do cessar-fogo a quatro meses de eleições

A ONU apelou hoje a todas as partes envolvidas no conflito na Líbia, nacionais e internacionais, a absterem-se de mobilizar tropas no terreno para evitar uma escalada de violência e a respeitarem os termos estabelecidos no cessar-fogo em vigor.

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Lusa
19/08/2021 14:05 ‧ 19/08/2021 por Lusa

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O apelo foi feito pela Missão de Apoio das Nações Unidas na Líbia (UNSMIL, na sigla em inglês) e surge a quatro meses da realização de eleições presidenciais e legislativas (agendadas para 24 de dezembro) no país, mergulhado há vários anos num caos político e num conflito civil com fortes ingerências estrangeiras.

Num comunicado, a UNSMIL afirmou apoiar os esforços realizados pelo chamado comité militar '5+5' -- o único órgão que senta à mesma mesa os representantes das fações beligerantes rivais envolvidas no conflito líbio -, e que, segundo destacou a missão, procura manter a calma e a estabilidade no país para permitir a realização do ato eleitoral de dezembro.

Esta manifestação de apoio por parte da UNSMIL acontece um dia depois do chefe do Estado-Maior, o tenente-general Mohammed Al Haddad, ter criticado o comité, acusando o órgão de "desvio" de funções e de ingerência na área política.

Mohammed Al Haddad pediu igualmente ao Governo interino de Acordo Nacional (GAN) e ao Conselho Presidencial para acabarem com tais violações.

No domingo passado, o comité militar '5+5' emitiu um comunicado de imprensa que foi fortemente criticado pelos diferentes atores políticos líbios.

Na nota, o comité apelava às autoridades para congelarem os acordos militares com todos os países estrangeiros, para elaborarem um plano urgente para a expulsão de mercenários do país e para nomearem, de forma urgente, um novo ministro da Defesa líbio.

O comité militar '5+5' integra cinco representantes do GAN, apoiado pela ONU e com sede em Tripoli, e outros cinco representantes do chamado Exército de Libertação Nacional (LNA, na sigla em inglês), que está sob a influência do marechal Khalifa Haftar, o homem forte do leste líbio.

Na terça-feira, o Conselho de Segurança da ONU pediu, por sua vez, à comunidade internacional para cooperar na luta contra o envio de armamento e de grupos armados para o território líbio, alertando para as repercussões do conflito na estabilidade da região do Sahel.

A Líbia, que possui as reservas de petróleo mais importantes no continente africano, é um país imerso num caos político e securitário desde a queda do regime de Muammar Kadhafi em 2011.

O quotidiano no país continua a ser muito difícil, apesar de terem sido registados alguns melhoramentos nos últimos meses devido a uma trégua acordada em outubro de 2020 entre as fações rivais e que fixou a retirada dos mercenários estrangeiros do país -- estimados em cerca de 20 mil -- num prazo de três meses.

Apesar dos contínuos apelos da comunidade internacional, muitos destes elementos continuam em território líbio.

Em fevereiro passado, o Fórum de Diálogo Político Líbio (FDPL), um organismo não eleito criado 'ad hoc' pela ONU para impulsionar o processo de paz e terminar com a divisão no país, elegeu um novo executivo de transição, com a missão de unificar os órgãos nacionais, de manter o cessar-fogo e de realizar eleições.

O conflito na Líbia tem sido palco de diversas ingerências internacionais, com um conjunto de países (Turquia, Qatar, Emirados Árabes Unidos, Arábia Saudita, Rússia e França) a apoiarem as várias fações beligerantes no terreno, por vezes com uma ajuda militar direta.

A presença no território líbio de milhares de mercenários estrangeiros, nomeadamente do grupo militar privado russo Wagner, tem sido um dos pontos críticos do conflito.

Em Moscovo, o chefe da diplomacia russa, Serguei Lavrov, afirmou hoje que a Rússia apoia a retirada de militares estrangeiros da Líbia, numa referência à reunião de domingo passado do comité militar '5+5', que decorreu na cidade costeira líbia de Sirte.

"Confirmamos o apoio da Rússia às decisões tomadas no âmbito do comité militar '5+5', incluindo a decisão (...) sobre a necessidade de retirar todas as tropas estrangeiras, sem exceção, do território líbio", disse Serguei Lavrov, ao lado da homóloga líbia, Najla al Mangoush, de visita à capital russa.

Por sua vez, a ministra dos Negócios Estrangeiros líbia destacou a relação de amizade entre os dois países, manifestando interesse em aprofundar os laços entre Moscovo e Tripoli.

"Estamos orgulhosos de relações historicamente próximas que estão sempre a ser reforçadas e expandidas com base no benefício mútuo", disse a representante.

Leia Também: Líbia: Filho de Kadhafi reaparece e admite um regresso político

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