Afeganistão: Merkel pede reflexão sobre fracasso do Ocidente

A chanceler alemã, Angela Merkel, pediu hoje que se reflita sobre os motivos pelos quais o Ocidente não conseguiu, após vinte anos e grandes contribuições económicas, consolidar um sistema político e social estável no Afeganistão.

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Lusa
21/08/2021 12:44 ‧ 21/08/2021 por Lusa

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Afeganistão

Numa ação de campanha eleitoral, Merkel afirmou que o Ocidente conseguiu garantir que o Afeganistão não seja um foco de terrorismo global, como era em 2001, mas reconheceu que a missão internacional era mais ambiciosa e terminou em fracasso.

"Agora não há ameaça terrorista do Afeganistão. Mas a missão era mais ampla, queríamos uma vida mais livre e melhor para todos, especialmente para mulheres e meninas. Não conseguimos isso", declarou.

Por isso, apelou a uma reflexão sobre o que pode fazer o Ocidente neste tipo de missões, como pode alcançá-lo e ver ao que não pode aspirar.

A chanceler alemã classificou a situação atual no Afeganistão de "dramática e trágica" desde a tomada do poder pelos talibãs no domingo, com a sua entrada em Cabul.

Merkel frisou que o objetivo atual da Alemanha é "salvar pessoas" na operação de evacuação, "cidadãos alemães, cidadãos de outros países da NATO [na sigla em português OTAN, Organização de Trabalho do Atlântico Norte] e, sobretudo, aqueles que ajudaram" a Alemanha, disse em referência aos colaboradores locais.

A Alemanha retirou do Afeganistão cerca de 2.000 pessoas, a maioria das quais se encontra em território nacional.

Os talibãs conquistaram a capital do Afeganistão, Cabul, no domingo, culminando uma ofensiva iniciada em maio, quando começou a retirada das forças militares norte-americanas e da NATO do país.

As forças internacionais estavam no país desde 2001, no âmbito da ofensiva liderada pelos Estados Unidos contra o regime extremista (1996-2001), que acolhia no seu território o líder da Al-Qaida, Osama bin Laden, principal responsável pelos atentados terroristas de 11 de setembro de 2001.

A tomada da capital põe fim a uma presença militar estrangeira de 20 anos no Afeganistão, dos Estados Unidos e dos seus aliados na NATO, incluindo Portugal.

Depois da tomada do poder, as forças talibãs proclamaram o Emirado Islâmico, em Cabul, tendo afirmado desde o princípio da semana que não procuram exercer atos de vingança contra os antigos inimigos e que estão dispostos para "a reconciliação nacional".

Os talibãs já disseram que há "muitas diferenças" na forma de governar, em relação ao seu período anterior no poder, entre 1996 e 2001, quando impuseram uma interpretação da lei islâmica que impediu as mulheres de trabalhar ou estudar e que puniu criminosos de delito comum com punições severas como amputações ou execuções sumárias.

Leia Também: Afeganistão: Bahrein autoriza voos de Cabul com refugiados

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