Governo da Áustria mantém recusa em receber refugiados do Afeganistão

O governo da Áustria insistiu hoje que não vai acolher refugiados do Afeganistão e rejeitou propostas da Comissão Europeia para a criação de rotas e canais legais para cidadãos afegãos receberem proteção na União Europeia (UE).

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Lusa
23/08/2021 10:46 ‧ 23/08/2021 por Lusa

Mundo

Afeganistão

 

"Sou claramente contra o facto de acolhermos mais pessoas voluntariamente", disse o chanceler austríaco, Sebastian Kurz, numa entrevista ao canal televisivo PULS 24, no domingo à noite, citada hoje pela agência EFE.

Já hoje de manhã, o ministro do Interior, Karl Nehammer, reiterou a posição de Viena de que a UE deve envidar esforços para que os refugiados afegãos permaneçam na região do seu país.

Kurz e Nehammer são ambos membros do Partido Popular Conservador (ÖVP), o parceiro maioritário da coligação governamental com os Verdes.

O ministro do Interior defendeu que os afegãos que cooperam com missões europeias e da Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO, na sigla em inglês) deveriam poder continuar a trabalhar para a UE no Afeganistão ou em países limítrofes, em vez de serem transferidos para a Europa, como está a acontecer.

"Também aqui, a prioridade deveria ser mantê-los na região", insistiu Nehammer numa entrevista à rádio pública ORF, segundo a EFE.

Nehammer defendeu que os afegãos em causa, muitos dos quais são tradutores e intérpretes, devem ficar a trabalhar em projetos da UE no terreno para melhorar a situação humanitária.

O ministro austríaco já tinha criticado anteriormente a Comissão Europeia por apelar à criação de rotas seguras e legais para aqueles que tentam fugir do conflito e da repressão talibã no Afeganistão.

O ministro austríaco manifestou o seu espanto perante esta proposta e acusou Bruxelas de enviar o "sinal errado", por considerar que poderia ser visto como um convite para os migrantes escolherem a Europa como destino.

Em qualquer caso, a posição da Áustria, como o chefe do Governo reiterou na entrevista à PULS 24, é a de que já tem uma comunidade de refugiados afegã proporcionalmente grande e não aceitará mais.

A ajuda no terreno é atualmente "a única coisa certa e sensata em que a Comissão Europeia se deve concentrar agora", insistiu Sebastian Kurz.

Kurz mantém, assim, a política de imigração dura e restritiva, uma das pedras angulares da sua gestão governamental, ao impor-se ao parceiro minoritário da coligação, o partido Verde, que é a favor de que a Áustria receba um grupo de afegãos que necessitam de proteção.

Milhares de afegãos têm-se dirigido para o aeroporto de Cabul na esperança de serem retirados do país por terem medo dos talibãs, que retomaram o poder depois de terem governo entre 1996 e 2011.

Muitos desses afegãos trabalharam para missões diplomáticas ou de organizações internacionais no Afeganistão.

Os talibãs assumiram o poder em Cabul em 15 de agosto, no final de uma ofensiva que intensificaram em maio, quando começou a retirada das forças internacionais no Afeganistão.

A intervenção internacional, liderada pelos Estados Unidos, ocorreu em 2001, após os atentados de 11 de setembro, e pôs termo ao regime dos talibãs, marcado pela repressão e pela negação de direitos em nome da lei islâmica.

A invasão do Afeganistão foi suscitada pela recusa dos talibãs em entregarem o principal responsável pelos atentados terroristas de 11 de setembro, o então líder da Al Qaida, Osama Bin Laden, que se encontrava no país.

Leia Também: Reino Unido deve defender junto dos EUA extensão de operações de retirada

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