Fontes oficiais confirmaram que houve uma explosão, esta quinta-feira, perto do aeroporto de Cabul, no Afeganistão, da qual resultaram vários mortos e feridos.
A CNN, que cita três fontes norte-americanas, adianta que a explosão aconteceu numa das entradas do aeroporto e que terá sido causada por um bombista suicida.
"Podemos confirmar uma explosão no exterior do aeroporto de Cabul", escreveu o porta-voz do Pentágono, John Kirby, no Twitter.
O responsável indicou, entretanto, que há vários mortos e feridos, sem precisar o número. Há relatos de que entre os feridos estão militares americanos, uma informação que carece de confirmação oficial.
We can confirm that the explosion near the Abbey Gate of the Kabul airport has resulted in an unknown number of casualties. We will continue to update.
— John Kirby (@PentagonPresSec) August 26, 2021
Entretanto, a embaixada dos Estados Unidos em Cabul emitiu um alerta para que os cidadãos saiam "imediatamente" das portas do aeroporto e que evitem deslocar-se até lá. O alerta refere ainda que há relatos de tiroteio.
© ASVAKA NEWS/via REUTERS
A CNN avança que o presidente dos EUA, Joe Biden, já foi informado da explosão, encontrando-se neste momento na sala de situação, juntamente com o secretário da defesa, Lloyd Austin, e o secretário de Estado Antony Blinken.
A explosão acontece momentos depois de terem sido disparados tiros para o ar no aeroporto para dispersar a multidão, o que causou pânico aos passageiros que se encontravam num avião militar italiano que descolava nesse momento.
"Ameaças terroristas"
Recorde-se que a tensão no Afeganistão está a aumentar devido a "ameaças terroristas". Estados Unidos, Reino Unido e Austrália apelaram aos cidadãos para saírem do aeroporto de Cabul quando milhares de pessoas continuam a chegar ao aeroporto para tentar fugir do país.
Os três países emitiram avisos simultâneos, muito específicos e quase idênticos na quarta-feira à noite.
As pessoas que se encontram no aeroporto sobretudo "nas entradas leste e norte devem sair imediatamente", disse o Departamento de Estado norte-americano, citando "ameaças à segurança".
A diplomacia australiana alertou para uma "ameaça muito elevada de ataque terrorista", enquanto Londres emitiu um aviso semelhante.
"Se estiver na área do aeroporto, deixe-o para um lugar seguro e aguarde instruções adicionais. Se for capaz de sair do Afeganistão em segurança por outros meios, faça-o imediatamente", indicou o Governo britânico.
Estes avisos surgiram depois de o secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, ter dito que os rebeldes talibãs se tinham comprometido a deixar partir cidadãos dos Estados Unidos e afegãos em risco e ainda no país após 31 de agosto.
"Os talibãs comprometeram-se publicamente e em privado a proporcionar e permitir a passagem segura de americanos, outros estrangeiros e afegãos em situação de risco no futuro, após 31 de agosto", afirmou o responsável, sem especificar como será organizada qualquer saída, uma vez que as forças norte-americanas deverão deixar o país até ao final do mês, prazo confirmado na terça-feira pelo Presidente dos EUA, Joe Biden.
Também a Alemanha disse, na quarta-feira, ter recebido garantias dos talibãs de que os afegãos podiam deixar o país em voos comerciais, após a retirada final das tropas norte-americanas naquela data.
O chefe adjunto do gabinete político dos talibãs no Qatar, Sher Abbas Stanekzai, "garantiu que os afegãos com documentos válidos continuarão a poder viajar em voos comerciais após 31 de agosto", escreveu, na rede social Twitter, Markus Potzel, um diplomata alemão que está a negociar com fundamentalistas islâmicos afegãos, no final de uma reunião no emirado.
A Bélgica anunciou que a retirada de cidadãos e afegãos, sob proteção belga, terminou na quarta-feira à noite, e a França avisou que o transporte aéreo vai terminar esta noite.
Na terça-feira, numa cimeira virtual com outros líderes do G7, Biden excluiu o alargamento da presença militar norte-americana em Cabul além de 31 de agosto, citando um "sério e crescente risco de ataque" do grupo extremista Estado Islâmico (EI) ao aeroporto.
Os talibãs conquistaram Cabul em 15 de agosto, concluindo uma ofensiva iniciada em maio, quando começou a retirada das forças militares norte-americanas e da NATO.
As forças internacionais estavam no país desde 2001, no âmbito da ofensiva liderada pelos Estados Unidos contra o regime extremista (1996-2001), que acolhia no território o líder da Al-Qaida, Osama bin Laden, principal responsável pelos atentados terroristas de 11 de setembro de 2001.
A tomada da capital pôs fim a uma presença militar estrangeira de 20 anos no Afeganistão, dos Estados Unidos e aliados na NATO, incluindo Portugal.
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