De acordo com os dados apresentados por Kevin Sanders, biomédico e ponto focal da sequenciação genómica do vírus em Cabo Verde, entre outubro de 2020 e julho de 2021 foram recolhidas 215 amostras de sete ilhas, que foram processadas no Instituto Pasteur, em Dacar, e no Instituto de Investigação e Inovação em Saúde, em Portugal.
Das análises, foram detetadas 21 linhagens do coronavírus no país, sendo as mais frequentes as variantes Alfa e B.1 e que muitas das linhagens do vírus detetadas no lote de amostras sequenciadas são pouco relatadas em África e, por vezes, nem sequer são reportadas.
Ainda em Cabo Verde, foram identificadas duas variantes de preocupação (VOC), nomeadamente Alfa e Delta, esta última entre junho e julho, com quatro casos apenas na ilha de Santiago, o que levou as autoridades de saúde a reforçar os apelos para a prevenção, uma vez que a variante Delta tem uma maior taxa de transmissibilidade.
Os resultados de sequenciação genómica do vírus SARS-CoV-2 em Cabo Verde concluíram ainda que das nove amostras de óbitos sequenciadas, oito foram provocadas pela variante Alfa.
Ainda em Cabo Verde, foi identificada uma variante de interesse (VOI), a Eta, e o país foi o primeiro em África a detetar a linhagem L.1, em quatro amostras na ilha de São Vicente.
Segundo o presidente do Instituto Nacional de Saúde Pública (INSP), Maria da Luz Lima, a recolha de dados da sequenciação genómica é "muito especial", já que não é feita em todas as amostras, mas sim as que estejam dentro dos critérios exigidos.
"A resposta que o país quer ter é que tipo de vírus está a circular no país, como é que nós vamos organizar a resposta atempada para que se reduza a transmissão de vírus circulantes no país e seja possível acabar com a pandemia", salientou a presidente.
Desde o início da pandemia, Cabo verde já registou 34.992 casos de infeção pelo novo coronavírus, dois quais 33.955 foram considerados recuperados, 307 resultaram em óbitos e até quinta-feira registava 708 casos ativos.
O país já vacinou já recebeu 409.050 doses de vacinas, e até 22 de agosto 233.518 pessoas (63.1%) estavam vacinadas com a primeira dose e 52.021 pessoas (14%) com a segunda dose, de acordo com dados do boletim de vacinação do Ministério da Saúde.
A covid-19 provocou pelo menos 4.472.486 mortes em todo o mundo, entre mais de 214,5 milhões de infeções pelo novo coronavírus registadas desde o início da pandemia, segundo o mais recente balanço da agência France-Presse.
Em Portugal, desde março de 2020, morreram 17.689 pessoas e foram contabilizados 1.028.421 casos de infeção confirmados, segundo dados da Direção-Geral da Saúde.
A doença respiratória é provocada pelo coronavírus SARS-CoV-2, detetado no final de 2019 em Wuhan, cidade do centro da China, e atualmente com variantes identificadas em países como o Reino Unido, Índia, África do Sul, Brasil ou Peru.