Num comunicado, a OMS indica que o avião foi fornecido pelo governo paquistanês. Com 12,5 toneladas de medicamentos e material médico a bordo, o avião partiu do Dubai diretamente para o aeroporto de Mazar-i-Sharif no Afeganistão.
Na semana passada, a agência da ONU dedicada à saúde tinha alertado para o facto do seu 'stock' de material no Afeganistão ser suficiente para apenas alguns dias, porque não tinha conseguido remessas através do aeroporto de Cabul, palco de uma caótica operação de retirada de pessoas.
"Após dias de trabalho ininterrupto para encontrar uma solução, estou muito feliz por dizer que conseguimos repor parcialmente os 'stocks' das unidades de saúde no Afeganistão e garantir que, por enquanto, os serviços de saúde apoiados pela OMS podem continuar", disse o médico Ahmed al-Mandhari, responsável pela região Mediterrâneo Oriental da agência.
Trata-se do primeiro carregamento de ajuda médica a aterrar no Afeganistão desde que o país passou para o controlo dos talibãs, indica a OMS. Estão previstos dois outros voos.
As 12,5 toneladas de medicamentos e material, a distribuir por 40 unidades de saúde em 29 províncias afegãs, permitirão dar resposta às necessidades de mais de 200.000 pessoas e realizar cerca de 3.500 cirurgias.
"As agências humanitárias como a OMS tiveram de enfrentar enormes dificuldades para enviar auxílio vital para o Afeganistão nas últimas semanas devido a restrições de segurança e logísticas. A ajuda do povo paquistanês é oportuna e salvará vidas", adiantou Mandhari.
A OMS trabalha com os seus parceiros para que o envio de hoje "seja o primeiro de muitos".
"É necessária com urgência uma ponte aérea humanitária fiável para aumentar o esforço humanitário coletivo", defendeu a organização, adiantando que nestas duas últimas semanas "a atenção do mundo" se concentrou na retirada de pessoas através do aeroporto de Cabul, "mas começa agora o exigente trabalho humanitário de dar resposta às necessidades de dezenas de milhões de afegãos vulneráveis que ficam no país".
Os talibãs tomaram Cabul no dia 15 de agosto, no final de uma ofensiva iniciada em maio, quando começou a retirada das forças militares norte-americanas e da NATO.
As forças internacionais estavam no país desde 2001, no âmbito da ofensiva liderada por Washington contra o regime talibã (1996-2001), que acolhia o líder da Al-Qaida, Osama bin Laden, cérebro dos atentados terroristas de 11 de setembro de 2001 nos Estados Unidos.
Face à brutalidade e interpretação radical do Islão que marcou o anterior regime dos talibãs, milhares de afegãos concentraram-se no aeroporto de Cabul para tentar arranjar lugar num dos voos organizados pelos aliados para a retirada dos seus cidadãos.
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