Afeganistão domina reuniões informais de Defesa e Negócios Estrangeiros

A situação no Afeganistão vai dominar as reuniões informais de ministros da Defesa e dos Negócios Estrangeiros da União Europeia que decorrem quinta e sexta-feira na Eslovénia, com a participação dos ministros João Gomes Cravinho e Augusto Santos Silva.

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Lusa
01/09/2021 12:41 ‧ 01/09/2021 por Lusa

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União Europeia

Estas reuniões marcam tradicionalmente a 'rentrée' política europeia, mas a crise no Afeganistão, com a tomada de Cabul pelos talibãs a 15 de agosto e a complexa operação de evacuação da capital afegã, marcada por um atentado terrorista, levaram já à realização de diversas reuniões ao nível dos 27, incluindo uma videoconferência de chefes da diplomacia, dia 20, e duas reuniões de ministros do Interior, a segunda das quais celebrada na terça-feira em Bruxelas, focada no fluxo de refugiados.

Os ministros da Defesa dos 27, que celebram já hoje um jantar de trabalho, vão voltar a discutir na reunião de quinta-feira a possível criação de uma força militar comunitária de intervenção rápida, tema que já debateram em maio passado, mas que voltou a ganhar relevância com o sucedido no Afeganistão, na sequência da retirada das forças militares até 31 de agosto decidida pelos Estados Unidos, que os seus aliados - incluindo muitos Estados-membros da UE - tiveram naturalmente de acompanhar.

Recentemente, o Alto Representante da UE para a Política Externa, Josep Borrell -- que presidirá às duas reuniões, separadas, de ministros da Defesa e de chefes de diplomacia -, defendeu a criação de uma força militar europeia composta por 50 mil militares, para que a UE possa agir em "circunstâncias como as do Afeganistão", ideia que tem o apoio de Portugal.

Em declarações à Lusa na passada sexta-feira, o ministro da Defesa, João Gomes Cravinho, considerou que a União Europeia tem de sair da "fase de adolescência" no que se refere ao desenvolvimento da identidade europeia de defesa, mostrando-se capaz de "proteger" os seus interesses sem depender de terceiros.

Segundo o ministro da Defesa, o desfecho da intervenção militar no Afeganistão "é mais uma demonstração" da necessidade de a União Europeia "assegurar", "promover" e "proteger" os seus interesses, sem ter de estar "sempre dependente de terceiros para o fazer", e, relativamente à proposta da força militar europeia, realçou que não é uma "ideia nova", tendo "vindo a ser conversada ao longo dos últimos meses", mas que poderá agora ganhar novo ímpeto.

"Eu penso que a Bússola Estratégica tem um capítulo dedicado a capacidades militares, e haverá quem queira colocar já esse objetivo nesse capítulo: não sei se haverá consenso suficiente, mas o que é certo é que temos de concretizar a nossa disponibilidade de afetar capacidades militares à defesa dos interesses europeus", defendeu.

A Bússola Estratégica, que visa a definição de orientações e de objetivos na área da Segurança e Defesa e que já foi um dos dossiês em destaque durante a presidência portuguesa do Conselho da UE, no primeiro semestre do ano, é de resto um dos outros temas principais na agenda da reunião de ministros da Defesa, que deverão também fazer um ponto da situação das atividades operacionais da UE pelo mundo, incluindo a constituição da missão de formação militar em Moçambique, aprovada em julho, e que deverá estar no terreno em outubro, comandada pelo general português Nuno Lemos Pires.

Na quinta-feira ao final da tarde terá início a reunião dos ministros dos Negócios Estrangeiros dos 27, que prosseguirá até sexta-feira, e na qual os chefes de diplomacia deverão focar-se na questão delicada do futuro relacionamento com os talibãs, novos líderes do Afeganistão.

Antes da reunião informal -- denominada «Gymnich», dado a primeira reunião informal de chefes de diplomacia da então CEE, em 1974, ter tido lugar no castelo alemão com esse nome -, o ministro Augusto Santos Silva intervirá ao início da tarde de quinta-feira no Fórum Estratégico de Bled, cuja 16.ª edição decorre nesta localidade eslovena.

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