Especialista não aconselha retirada imediata de medidas de proteção na UE

O especialista Bruno Ciancio, do Centro Europeu para Prevenção e Controlo das Doenças (ECDC), considera que ainda não é momento de os países da União Europeia (UE) retirarem todas as medidas de proteção anticovid-19, mas afasta novos confinamento.

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© Horacio Villalobos#Corbis/Corbis via Getty Images

Lusa
02/09/2021 07:46 ‧ 02/09/2021 por Lusa

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Coronavírus

 

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"Sabemos que estas medidas são muito, muito eficazes", pelo que "não há realmente nenhuma razão para suavizar este tipo de medidas neste momento", indica o diretor do departamento de Vigilância do ECDC em entrevista à agência Lusa.

Apesar de já 70% da população adulta da UE estar vacinada com duas doses de vacina contra a covid-19, num total de mais de 250 milhões de pessoas totalmente vacinadas, Bruno Ciancio considera que ainda não é momento de baixar a guarda.

"Se retirarmos agora as medidas, haverá um aumento dos casos e, em última análise, estes casos não serão apenas entre pessoas mais jovens, envolverão também pessoas mais velhas, pessoas que foram vacinadas", alerta o responsável.

Este é, de acordo com o especialista do ECDC, um "impacto que se deve evitar".

"Estamos muito perto de uma situação em que podemos realmente enfrentar esta pandemia e devemos percorrer agora este quilómetro extra agora", exorta.

Medidas como distanciamento físico, higiene das mãos e uso de máscara nalguns locais são então para manter para já, de acordo com o ECDC, sendo que estas também foram usadas "para levar ao quase desaparecimento da gripe da Europa por duas épocas consecutivas e para impedir milhares de mortes todos os anos".

"Quando virmos que basicamente não há impacto ou há um impacto muito limitado do vírus [SARS-CoV-2] em termos de mortalidade e de internamentos, então aí várias medidas poderão ser suavizadas, mas ainda não é esse o caso", assinala o responsável.

Assim sendo, "o objetivo é realmente vacinar mais população para que possamos progressivamente também suavizar estas medidas", insiste o diretor do departamento de Vigilância do ECDC, adiantando que "o que vai acontecer na Europa depende muito da capacidade de prosseguir com os programas de vacinação".

Uma hipótese afastada por Bruno Ciancio é a de os países da UE terem de recorrer a novos confinamentos.

"No ECDC nunca recomendámos confinamentos cegos porque são devastadores para a população, pelo que é sempre o último recurso, mas penso que isso não voltará a acontecer", indica o especialista à Lusa.

Também rejeitada por Bruno Ciancio é a possibilidade de encerrar estabelecimentos escolares: "Há consenso agora que é muito mais prejudicial fechar as escolas do que mantê-las abertas, por isso penso que é muito importante que as escolas estejam a funcionar e que as crianças possam ter a sua rotina, a sua educação e o seu desenvolvimento".

Até porque "as medidas que estão em vigor nas escolas são eficazes", refere o especialista, numa altura de regresso às escolas.

Já questionado pela Lusa sobre a vacinação de crianças acima dos 12 anos, como autorizado pelo regulador europeu e já em curso em países como Portugal, Bruno Ciancio vinca que "o principal objetivo [dos Estados-membros] deve ser o de assegurar que a população adulta seja vacinada".

"E só depois de isto ser alcançado é que devemos considerar a vacinação de grupos etários mais jovens", adianta, notando que muitos países europeus "ainda não estão" na fase de vacinar crianças, dada a baixa cobertura vacinal de outras faixas de população.

Sediado na Suécia, o ECDC tem como missão ajudar os países europeus a dar resposta a surtos de doenças.

Leia Também: "Até agora, vacinas conseguiram evitar centenas de milhares de mortes"

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