Em 19 de agosto último, as autoridades sanitárias do país africano do Sahel comunicaram o registo de 845 casos de contágio e 35 mortes em Niamey e outras quatro regiões do país - Maradi (sudeste), Zinder (centro-sul), Dosso (sudoeste) e Tahoua (sudoeste), todos elas na fronteira com a Nigéria, que também foi afetada pela doença.
A região de Tillabéri (oeste), na zona das "três fronteiras" entre o Níger, Burkina Faso e Mali, palco de ataques regulares de grupos extremistas islâmicos, foi também afetada, de acordo com o ministério nigerino.
Em 01 de setembro, o número de mortos era de 104 entre 2.874 pessoas contagiadas, correspondendo a "uma taxa de letalidade de 4%", de acordo com os dados publicados hoje pela Direção de Vigilância e Resposta à Epidemia, tutelada pelo Ministério da Saúde do Níger.
O grupo etário entre os 15 e 37 anos é o mais afetado pela epidemia, segundo o ministério, que anunciou a "extinção" de uma dúzia de surtos de entre 28 ativos em todo o país.
O Níger está a tentar travar a epidemia, com o apoio da organização Médicos Sem Fronteiras (MSF), da ONU e da União Europeia, multiplicando campanhas de sensibilização, distribuindo produtos para tratamento da água e desinfetando locais públicos, transportes públicos, assim como poços nas aldeias infetadas.
As regiões afetadas receberam 'stocks' de medicamentos e testes rápidos de rastreio. Os doentes estão a ser tratados gratuitamente em locais isolados, segundo o Governo nigerino.
As autoridades sanitárias do país apelam à população para que se "apresente com urgência no centro de saúde, logo que surjam "sinais" de suspeita de cólera, incluindo "diarreia e vómitos".
Inundações na sequência de fortes chuvadas que têm atingido o Níger desde junho levam os especialistas a temer o alastramento do surto da doença diarreica altamente contagiosa causada pela ingestão de alimentos ou água contaminados.
Em 2018, uma epidemia de cólera causou 78 mortes e 3.824 casos de contágio no Níger, principalmente em áreas próximas da Nigéria, de acordo com a OMS.
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