Pessoas com o vírus da imunodeficiência humana (VIH) que precisem de um transplante de rim ou fígado vão passar a poder receber o órgão por parte de dadores falecidos com o vírus.
A informação foi avançada por parte do Departamento de Saúde dos Estados Unidos, esta terça-feira, citado pelo jornal The Guardian, numa altura em que este tipo de transplantes era apenas feito como parte de estudos.
A nova norma, que entra em vigor na quarta-feira, 27 de novembro, pretende diminuir a espera por órgãos para todos, independentemente do seu estatuto de VIH, ao aumentar a disponibilidade de órgãos disponíveis.
"Esta regra remove todas as barreiras desnecessárias nos transplantes renais e hepáticos, expande a oferta de dadores de órgãos e melhora os resultados para receptores de transplantes com VIH", afirma o secretário de Saúde e Serviços Humanos dos Estados Unidos, Xavier Becerra, em comunicado.
A segurança da prática é assentada por estudos, incluindo um publicado no mês anterior no jornal de medicina de New England.
Este estudo seguiu 198 receptores de órgãos ao longo de quatro anos, e comparou os que receberam transplantes renais de dadores com VIH positivo com os de pessoas sem o vírus. Ambos os grupos apresentaram altas taxas de sobrevivência global e baixas taxas de rejeição de órgãos.
Em 2010, cirurgiões na África do Sul providenciaram a primeira prova em como a doação de órgãos por pessoas seropositivas era segura em pessoas com VIH. Mas a prática não foi permitida nos Estados Unidos até 2013, quando o Governo levantou a proibição e permitiu estudos de investigação.
Ao início, os estudos recorriam a doadores falecidos, mas em 2019, uma equipa de investigadores da Universidade Johns Hopkins, em Baltimore, realizou o primeiro transplante renal mundial num dador vivo com o vírus do VIH para um receptor VIH positivo.
Ao todo, foram realizados 500 transplantes renais e hepáticos de dadores seropositivos nos Estados Unidos.
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