Atualmente, 72% da população do país vive abaixo do limiar da pobreza (com menos de um dólar por dia, o equivalente a 85 cêntimos) e esta taxa poderá subir para 97% até meados do próximo ano, previu Wignaraja, numa conferência de imprensa.
"Estamos perante um colapso total no desenvolvimento, além das crises humana e económica" que estão a atingir o Afeganistão, acrescentou.
Um estudo do PNUD mostra "que estamos num caminho de deterioração rápida e catastrófica na vida das pessoas mais vulneráveis", insistiu a responsável.
Segundo o PNUD, as razões para esta situação alarmante são a pandemia provocada pela covid-19 e a transição política no contexto do congelamento das reservas cambiais no estrangeiro, o aumento da pressão sobre o sistema bancário e o aumento da pobreza.
O responsável do programa da Organização das Nações Unidas (ONU) no Afeganistão, Abdallah Al Dardari, sublinhou que 70% da economia afegã é baseada no comércio informal feito por mulheres.
As mulheres são a "espinha dorsal" da economia, acentuaram os funcionários do PNUD, referindo a importância de preservar os seus bens.
Para evitar este cenário de maior pobreza, a agência da ONU desenvolveu um conjunto de intervenções para ajudar os mais vulneráveis, incluindo a salvaguarda dos direitos das mulheres e raparigas.
A crise "exige uma ação urgente", vincou Kanni Wignaraja, apelando à comunidade internacional para que seja generosa.
O secretário-geral da ONU, António Guterres, convocou uma conferência internacional, em Genebra, para acelerar a entrega de ajuda humanitária ao Afeganistão.
O plano de ação do PNUD "visa contribuir para melhorar a vida dos mais vulneráveis", frisou Kanni Wignaraja.
Hoje, a enviada a ONU ao Afeganistão, Deborah Lyons, disse ao Conselho de Segurança existirem "alegações credíveis" que os talibãs assassinaram pessoas desde o regresso ao poder, contrariando a promessa de amnistia.
"Estamos preocupados com o facto de, apesar das numerosas declarações que garantem amnistias gerais aos membros das forças de segurança e defesa nacional afegãs e àqueles que trabalharam como funcionários públicos, existirem alegações credíveis de assassínios retaliatórios de membros das forças de segurança e detenção de funcionários que trabalharam para governos anteriores", alertou a emissária da ONU.
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