De acordo com o relatório sobre a Migração Continental, produzido pela Comissão Económica das Nações Unidas para África (UNECA) e pela União Africana, a queda de 37,2 mil milhões de euros, em 2020, para 34,7 mil milhões de euros, este ano, é explicada essencialmente pelos efeitos da pandemia de covid-19 e pelas implicações na capacidade que os emigrantes têm de enviar dinheiro para os seus países.
"A UNECA projeta que o fluxo de remessas em 2020 possa ter caído 21% no ano passado, o que implica que há menos 18 mil milhões de dólares a irem para as pessoas que dependem dessas verbas, é, por isso, crítico preservar esta linha de salvamento", lê-se na nota enviada hoje à Lusa.
"O fluxo de remessas vai ser mais importante que nunca para os países mais pobres e para os povos mais vulneráveis, especialmente aqueles sem acesso a redes de segurança económicas e sociais", acrescenta-se no texto.
O relatório, que não descrimina valores por país, recomenda que os governos tomem medidas para facilitar e aumentar as receitas para apoiar o combate à pandemia de covid-19 e, em última análise, "construir um mundo pós-pandemia mais sustentável".
As remessas representam 65% da receita de alguns países e os emigrantes enviam cerca de 15% do seu rendimento para o seu país, em média, sendo a principal fonte de receita para 25 países africanos.
Criticando o custo de envio de remessas para África, "muito longe da meta de 3%", o relatório defende ainda que os custos destas transferência devem ser diminuídos através da utilização de plataformas digitais, que podem encurtar estas despesas em 7%, e pela criação de mecanismos de concorrência entre os bancos e as agências financeiras de envio de remessas.
O continente africano registou nas últimas 24 horas mais 693 mortes associadas à covid-19 e 15.145 novos casos de infeção pela doença, segundo dados do Centro de Controlo e Prevenção de Doenças da União Africana (África CDC).
Segundo o CDC, com estes novos números, o total de casos em África subiu para 8.039.647, enquanto o de vítimas mortais ascende agora a 203.608 e o de recuperados passa para 7.328.656, mais 26.121 que no dia anterior.
O primeiro caso de covid-19 em África surgiu no Egito, em 14 de fevereiro de 2020, e a Nigéria foi o primeiro país da África subsaariana a registar casos de infeção, em 28 de fevereiro.
A covid-19 provocou pelo menos 4.627.854 mortes em todo o mundo, entre mais de 224,56 milhões de infeções pelo novo coronavírus registadas desde o início da pandemia, segundo o mais recente balanço da agência France-Presse.
A doença respiratória é provocada pelo coronavírus SARS-CoV-2, detetado no final de 2019 em Wuhan, cidade do centro da China, e atualmente com variantes identificadas em países como o Reino Unido, Índia, África do Sul, Brasil ou Peru.