Atuação de Bolsonaro? "Não foi negligência. Foi uma política pensada"
"Houve essas medidas, política de governo. Não foi negligência. Foi uma política pensada", disse ex-ministro da Justiça brasileiro, que acusa Bolsonaro de privilegiar a economia em relação à proteção da vida humana.
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Mundo Brasil
O ex-ministro da Justiça Miguel Reale Jr. disse que o presidente Jair Bolsonaro agiu por forma a favorecer a disseminação do novo coronavírus no país e que não se tratou de negligência, mas sim de decisões políticas pensadas.
O também jurista, que coordena o grupo de juristas que apresentou à comissão parlamentar de inquérito (CPI) a lista de crimes cometidos por Bolsonaro durante a pandemia, acusou o presidente brasileiro privilegiar a economia em relação à proteção da vida humana.
"Houve essas medidas, política de governo. Não foi negligência. Foi uma política pensada. Uma ação toda ela dirigida à valorização da economia. Tanto que em março de 2020, a Secom, Secretaria de Comunicação da Presidência, lança uma campanha: 'O Brasil não pode parar'. E, na verdade, ele estava parando no cemitério, nas UCI", afirmou o ex-governante, em entrevista à Globonews.
No entender o jurista, a opção da administração brasileira em dar prioridade à economia e descartar as medidas de contenção do vírus configura crime de responsabilidade. Além disse, a opção fracassou. "Era um engano, porque as economias ocidentais bem mostram que a economia só se desenvolve na medida em que houve controlo da disseminação [do vírus]", afirmou.
"É impressionante. O levantamento que foi feito da conduta [de Bolsonaro] do ano passado, durante todo o ano passado e este ano. Conspirando a favor do vírus, disseminando o vírus, colocando a economia à frente da proteção à vida", acusou.
Recorde-se que Jair Bolsonaro está a ser investigado por uma CPI do Senado brasileiro, para analisar ações e possíveis omissões do governo brasileiro durante da pandemia e já apurou negociações irregulares com vacinas e também outros assuntos suspeitos, como a distribuição de medicamentos ineficazes contra o novo coronavírus na rede pública de saúde.
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