"Não vamos dramatizar, não vamos colocar tudo em questão", reagiu Josep Borrell, falando em conferência de imprensa na sede da Comissão Europeia, em Bruxelas.
Questionado pelos jornalistas sobre o pacto de defesa celebrado entre os Estados Unidos, a Austrália e o Reino Unido, o chefe da diplomacia insistiu que a UE "não foi informada e não está a par do que este acordo significa".
"Lamentamos não ter sido informados e não termos feito parte destas conversações, mas o tempo há de chegar e, por isso, não vamos dramatizar e não vamos pôr em questão a nossa relação com os Estados Unidos, que tem vindo a melhorar bastante com a nova administração [norte-americana]", adiantou Josep Borrell.
O Alto Representante da UE para a Política Externa falava precisamente na apresentação de uma estratégia para o Indo-Pacífico, com a qual Bruxelas pretende ganhar peso na região, impulsionando o comércio e a cooperação com os países da região, mas também promovendo a segurança com uma maior presença naval.
Os Estados Unidos, Austrália e Reino Unido anunciaram na quarta-feira um pacto de Defesa destinado a enfrentar a República Popular da China na região Indo-Pacífico.
O pacto AUKUS (iniciais em inglês dos três países anglo saxónicos) tem como objetivo reforçar a cooperação trilateral em tecnologias avançadas de defesa, como a Inteligência Artificial, sistemas submarinos e vigilância em longa distância.
Uma primeira consequência foi o cancelamento, pela Austrália de um contrato com a França para o fornecimento de submarinos convencionais e a intenção de desenvolver submarinos nucleares em coordenação com os seus novos aliados, o que já originou protestos e críticas de Paris.
Também reagindo ao AUKUS através da sua conta oficial da rede social Twitter, o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, considerou que este pacto "demonstra ainda mais a necessidade de uma abordagem comum da UE numa região de interesse estratégico".
"Mais do que nunca, é necessária uma estratégia forte da UE para o Indo-Pacífico e, por isso, saúdo a apresentação de hoje de Josep Borrell", acrescentou Charles Michel, notando que o tema estará em cima da mesa na cimeira de líderes de outubro.
Ainda antes da apresentação desta estratégia, o porta-voz de Josep Borrell informou à imprensa que a UE "não foi informada" sobre este pacto para a região Indo-Pacífico, pretendendo agora "analisar as suas repercussões".
Questionado sobre o pacto na conferência de imprensa diária, o porta-voz para os Negócios Estrangeiros, Peter Stano, sublinhou que "a UE não foi informada sobre este projeto", salientando estarem a ser feitos "contactos para melhor conhecer esta aliança".
"Vai ser feita uma análise da situação e das repercussões desta aliança", salientou Stano, acrescentando que haverá oportunidade para o Conselho da UE a debater na próxima reunião dos ministros dos Negócios Estrangeiros da UE, agendada para 18 de outubro no Luxemburgo.
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