Gabão. Mulher e filho do ex-presidente estão a ser "torturados" na prisão

Os advogados da família Bongo, que governou o Gabão durante 55 anos, declararam hoje que a mulher e o filho do Presidente deposto em 2023, Ali Bongo, estão a ser torturados na prisão de Libreville, na capital.

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Lusa
09/01/2025 16:10 ‧ há 9 horas por Lusa

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Nourredin Bongo, filho do ex-chefe de Estado, detido após o golpe de Estado, foi torturado com choques elétricos e as marcas são visíveis no tronco e costas, declarou o advogado François Zimeray.

 

Por sua vez, Sylvia Bongo, cidadã francesa e ex-primeira dama, descreveu aos seus advogados "tratamentos degradantes, como jatos de água fria e, sobretudo, a tortura psicológica de ver o seu próprio filho ser torturado diante dos seus olhos".

Os advogados da família visitaram os seus clientes em dezembro de 2024, quase um ano e meio após estes terem sido detidos, e descreveram hoje que as condições em que se encontram são, por si só, "uma tortura".

Pouco depois desta visita, Bruno Obiang Mve, procurador da República, declarou que os advogados dos Bongo tinham podido verificar "que os seus clientes nunca foram torturados na prisão de Libreville", a capital. Uma alegação que a defesa da família qualifica de falsa.

Desde o golpe de Estado, o ex-Presidente Ali Bongo vive na sua residência privada em Libreville, "livre de abandonar o país", segundo o Governo.

A sua mulher e o seu filho estão detidos. Noureddin Bongo, em particular, por "corrupção" e "desvio de fundos públicos", e Sylvia Bongo por "branqueamento de capitais, manipulação de bens roubados, falsificação e utilização de falsificações".

Durante 55 anos, a família Bongo governou o Gabão, um pequeno Estado centro-africano rico em petróleo.

Os militares tomaram o poder no Gabão em 30 de agosto de 2023, pouco depois de as autoridades eleitorais terem anunciado a vitória de Bongo nas eleições disputadas nesse mês.

Os golpistas - tal como a oposição - alegaram que as eleições não foram transparentes, credíveis ou inclusivas e acusaram o executivo de governar de forma "irresponsável e imprevisível", prejudicando assim a "coesão social".

Consequentemente, colocaram Bongo e vários membros da sua família em prisão domiciliária por "alta traição contra as instituições do Estado" e "desvio maciço de fundos públicos", entre outras acusações, mas a junta militar libertou o antigo Presidente em outubro por motivos de saúde.

A família do Presidente deposto - que se tornou líder do país após a morte do seu pai, Omar Bongo, em 2009 - detinha o poder desde 1967.

O seu primo distante, o general Brice Oligui Nguema, foi nomeado Presidente de transição do Gabão, apesar de o golpe ter sido inicialmente condenado pela União Africana, pela Comunidade Económica dos Estados da África Central (CEEAC), pela ONU e pela União Europeia, que apelaram ao restabelecimento da ordem constitucional.

Leia Também: Novo Presidente do Gana toma posse. Regresso ao poder "é histórico"

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