Nem os anos como ginasta de competição têm ajudado Baerbock a defender-se das acusações que enfrenta praticamente desde que anunciou a sua candidatura, a 19 de abril de 2019. A decisão de avançar foi tomada em conjunto com o co-líder do partido, Robert Habeck.
Deputada no Bundestag, o parlamento alemão, desde 2013, depois de uma tentativa falhada em 2009, é, com 40 anos, a mais nova dos candidatos dos principais partidos, e a única a nunca ter ocupado um cargo público.
No discurso do seu anúncio à corrida a chanceler, Baerbock prometia um "novo capítulo para o partido", mas a constante necessidade de se defender de acusações não tem deixado muito espaço para novidades.
Foi acusada de ter imprecisões no currículo, de atraso no pagamento de impostos, de plagiar partes do seu novo livro e até de usar uma citação racista numa entrevista.
O partido, que chegou a tocar o topo nas sondagens, começou a descer, estando agora abaixo dos 20% das intenções de voto, tal como a popularidade da candidata.
Mas Annalena Baerbock mantém-se fiel ao que a fez juntar-se aos Verdes em 2005: a promoção de políticas que protejam o ambiente. Foi porta-voz das políticas climáticas do partido entre 2013 e 2017, antes de se tornar co-líder, em 2018.
Num recente debate, acusou os líderes do Partido Social Democrata (SPD), Olaf Scholz, e da União Democrata-Cristã (CDU), Armin Laschet - os partidos que formam a "grande coligação" que atualmente governa a Alemanha - de falharem neste tema.
"Estamos a deixar passar as nossas metas climáticas, com consequências dramáticas. Vocês deixaram claro que não se orientaram em torno das soluções, mas apenas atiraram a culpa um ao outro sobre quem estava a impedir o quê", atirou.
Filha de um engenheiro e de uma assistente social, Baerbock nasceu perto de Hannover, em 1980, e cresceu numa quinta com duas irmãs e dois primos. Estudou ciência política e direito, mas nunca chegou a terminar a sua tese sobre ajuda humanitária e desastres naturais.
Dentro do partido já fez quase tudo, e quer agora chegar ao Governo para implementar medidas como a eliminação gradual da energia movida a carvão, muito antes de 2038, um limite de velocidade de 130 km/hora nas autoestradas, ou como a subida do salário mínimo para 12 euros por hora.
Considerado o país mais poderoso da União Europeia, a Alemanha vai escolher, no dia 26 de setembro, o seu novo Governo e, consequentemente, o chanceler que irá suceder a Angela Merkel, há 16 anos no poder.
No início deste mês, uma sondagem mostrava o SPD, de Olaf Scholz a conseguir o primeiro lugar, com cerca de 25% das intenções de voto, enquanto a CDU/CSU obtinha 21% no cenário mais otimista.
Uma outra sondagem divulgada pelo Instituto Forsa no dia 24 de agosto, a abstenção poderia chegar aos 26%,
A abstenção na Alemanha, que chegou, em 2017, aos 24,4%, deverá crescer para 26% (isto é, o dobro do resultado das intenções de voto atribuídos ao partido Verdes), de acordo com as últimas sondagens, assim como a votação por correspondência, que deverá quase duplicar em relação às últimas votações.
No escrutínio de 2017, o União Democrata-Cristã (CDU), partido de Angela Merkel, conquistou 24,9% dos votos.
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