Intercetados 134 migrantes em frente à costa líbia nas últimas 24 horas

Um total de 134 migrantes foi intercetado nas últimas 24 horas em frente à costa ocidental da Líbia e devolvido ao país, apesar de ser considerado um lugar "não-seguro", indicou hoje o Alto-Comissariado da ONU para os Refugiados (ACNUR).

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© Christopher Furlong/Getty Images

Lusa
21/09/2021 17:34 ‧ 21/09/2021 por Lusa

Mundo

ACNUR

Segundo o ACNUR na Líbia, os resgatados chegaram na segunda-feira à noite ao porto da refinaria petrolífera de Al-Zawiya, a 50 quilómetros a oeste da capital, onde foram atendidos pela Comissão de Resgates Internacionais, antes de serem transferidos para um dos centros de migrantes.

Desde o início do ano, mais de 24.000 pessoas, 900 das quais menores, foram intercetadas na rota migratória do Mediterrâneo central, uma das mais mortais do mundo, quando tentavam viajar ilegalmente para a Europa, em embarcações precárias fretadas por máfias que assim obtêm os seus lucros na Tunísia e no oeste da Líbia.

Estas operações de interceção e resgate de migrantes no mar estão a cargo da Guarda Costeira líbia, uma corporação formada na maioria pela União Europeia e que está sob a suspeita de diversas organizações humanitárias internacionais pelos seus alegados vínculos às máfias que se dedicam ao lucrativo negócio do contrabando de pessoas.

A Organização Internacional para as Migrações (OIM) revela que, durante o mesmo período, pelo menos 454 pessoas morreram e outras 660 estão desaparecidas.

Em meados de julho, a Amnistia Internacional (AI) denunciou as "atrozes violações" cometidas pelas autoridades líbias durante as detenções de migrantes, após serem intercetados no Mediterrâneo e devolvidos pela força ao país, com o apoio da cooperação europeia.

Os chamados "centros de reagrupamento e retorno" são palco de torturas sistemáticas, violência sexual, trabalhos forçados e outras formas de exploração "com total impunidade", revelou a AI no seu último relatório, no qual instou os Estados europeus a suspender a cooperação com o país magrebino em matéria de migração e controlo de fronteiras.

A Líbia é um Estado falido, vítima do caos e da guerra civil, desde que em 2011 a NATO contribuiu militarmente para a vitória dos diversos grupos rebeldes sobre a ditadura de Muammar Kadhafi.

Após anos de guerra civil, em março passado, o Fórum para o Diálogo Político na Líbia (FDPL), um organismo não-eleito criado pela ONU "ad hoc", elegeu um novo Conselho Presidencial e um novo Governo transitórios que devem conduzir o país até às eleições presidenciais e legislativas agendadas para 24 de dezembro próximo.

Na costa ocidental da Líbia, fronteiriça com a Tunísia, atuam dezenas de milícias e grupos de traficantes dedicados a todo o tipo de contrabando, desde pessoas a armas, drogas, combustível e mesmo alimentos essenciais, que têm estreitas ligações com organizações transnacionais semelhantes.

Leia Também: Moçambique. Um terço do orçamento do ACNUR está por financiar

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