"A Assembleia Geral das Nações Unidas não é o meio apropriado para isso", considerou em Nova Iorque.
"É necessário falar com os talibãs. Para isso existem vários canais que foram utilizados nas últimas semanas", adiantou.
O Governo nomeado pelos talibãs após a sua chegada ao poder em Cabul em meados de agosto pediu formalmente à ONU para falar em nome do Afeganistão na Assembleia Geral anual da organização que decorre até segunda-feira em Nova Iorque.
Mas o embaixador do Governo deposto, ainda credenciado junto da organização mundial, também quer representar o país. É pouco provável que a ONU resolva esta disputa antes do fim dos debates e que permita a um enviado dos talibãs falar na tribuna das Nações Unidas, segundo várias fontes concordantes, indica a agência France-Presse.
A maioria dos governos do mundo ainda não reconheceu o Governo nomeado pelo movimento extremista islâmico, exigindo antes que ele cumpra várias condições, incluindo respeitar os direitos das mulheres e o seu compromisso de deixar sair do Afeganistão os que o desejem.
"O que importa são os factos concretos, e não apenas as palavras sobre os direitos humanos, em particular os direitos das mulheres, um governo inclusivo e um distanciamento claro dos grupos terroristas", insistiu Heiko Maas.
"A comunicação com os talibãs e o Governo afegão dependerá disso", acrescentou.
Vários países já estabeleceram contactos com os talibãs desde que o movimento assumiu o poder, principalmente para organizar a retirada de pessoas do país e fornecer ajuda humanitária a civis.
Após quase duas décadas de presença de forças militares norte-americanas e da NATO, os talibãs tomaram o poder em Cabul a 15 de agosto, culminando uma ofensiva iniciada em maio e após assumirem o controlo das capitais de 33 das 34 províncias afegãs em apenas 10 dias.
Desde então, os fundamentalistas asseguraram em várias ocasiões a intenção de formar um governo islâmico "inclusivo", que representasse todas as tribos e etnias do Afeganistão, embora o Governo apresentado até agora, totalmente masculino, tenha praticamente só elementos pashtuns (a etnia maioritária no país e entre os talibãs) e inclua vários veteranos da sua linha dura, que governou o país entre 1996 e 2001.
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