Na Alemanha, AfD quer ser herói nos próximos quatro anos

O partido populista de extrema-direita Alternativa para a Alemanha (AfD) volta a levantar bandeiras em Gorlitz, a cidade mais oriental do território alemão e que em 2017 deu ao líder Tino Chrupalla os votos suficientes para o lugar no Parlamento.

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Lusa
23/09/2021 09:30 ‧ 23/09/2021 por Lusa

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Alemanha/Eleições

 

"Nós podemos ser heróis por quatro anos", cantam dois músicos do AfD, vestidos de napa preta e com chapéus de aviador, adaptando o tema "Heroes" de David Bowie ("We can be heroes just for one day") enquanto os líderes do partido, Tino Chrupalla  e Alice Weidel entram na praça principal de Gorlitz, pequena cidade da Saxónia que faz fronteira com a Polónia, acompanhados por elementos de uma empresa de segurança, vestidos de preto.

A maior parte dos apoiantes são reformados, muitos são desempregados e os mais jovens, em menor número, juntam-se à volta do estandarte da organização juvenil do partido (Alternativa Jovem) ao lado de uma torre medieval.

Perto do palco, entre algumas centenas de pessoas, dois homens em cadeiras de rodas seguram bandeiras nacionais.

 Nenhum dos participantes do AfD usa máscara de proteção sanitária contra o novo coronavírus.

Chrupalla, 46 anos, natural do leste da Saxónia distribui sorrisos e repete o discurso da campanha eleitoral que está a chegar ao fim.

Durante mais de meia hora Tino Chrupalla frisa que "Merkel tem de ir embora" e volta a afirmar que a chanceler democrata-cristã é responsável pela grande vaga de "imigração ilegal" porque em 2015 abriu as fronteiras aos refugiados da Síria e do Iraque.

Em Gorlitz, zona de grande implantação do AfD, Chrupalla critica Angela Merkel por ter abandonado a energia nuclear e de ter apoiado de forma excessiva os países do sul da Europa, durante a crise económica e financeira.

A nível nacional, de acordo com as últimas sondagens, o AfD pode baixar dos 12,6%, que conseguiu em 2017, para 11% nas eleições de domingo, mas na Saxónia, estado do leste alemão, mantém-se como a segunda força política, atrás dos democratas-cristãos da CDU.

Desde a semana passada que se registaram contra manifestações em vários pontos do leste alemão, como Dresden ou Leipzig, e que tentam "sabotar" os comícios do AfD com gritos e canções de protesto e, por isso, foi visível uma forte presença policial na praça principal de Gorlitz.

Os agentes separaram os apoiantes do Alternativa para a Alemanha dos jovens de esquerda e anarquistas - todos com máscaras de proteção sanitária - e que se juntaram com as bandeiras com as cores do arco-íris no mesmo local do comício da extrema-direita.

 "Eles só vêm aqui para sabotar. Gorlitz é um bastião do partido", disse à Lusa um apoiante do AfD exibindo um cartaz da campanha.

Após os discursos de Chrupalla e de Alice Weisel falaram as personalidades locais do partido e que apelaram ao voto no AfD no dia 26 de setembro.

Apesar do frio que já se faz sentir na Alemanha, o comício prolonga-se depois do cair da noite de quarta-feira.

Questionado sobre a notícia, divulgada na terça-feira, do assassinato de um funcionário de uma bomba de gasolina por um cliente que se recusou a usar uma máscara de proteção sanitária, na cidade de Ibar-Oberstein (Renânia-Palatinado), Tino Chrupalla limitou-se a dizer que não se encontra em Gorlitz para responder a perguntas.

"Estou aqui para tirar autorretratos ('selfies') com os apoiantes, que são muitos", disse à Lusa enquanto se abraçava, sorridente, aos reformados que tiravam fotografias com os telemóveis.

Os dois músicos vestidos de napa preta não pararam de animar a ação de campanha com solos de guitarra, mas no final voltaram à adaptação livre da música "Heróis por quatro anos".

Um grupo de homens com garrafas de cerveja dançava ao som da música enquanto o líder da extrema-direita sorria para os telemóveis.

Depois ficou muito frio e acabou o comício.

Leia Também: Eleições na Alemanha: Refugiado iraniano luta por um lugar no Bundestag

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